Alemanha compra nanoscópio brasileiro criado pela UFMG e Inmetro
Equipamento possibilita analisar e manipular nanoestruturas de resolução dez mil vezes menores que a espessura de um fio de cabelo

Ferreira Gabriel
Publicado em: 16/11/2023 às 17:14 | Atualizado em: 16/11/2023 às 17:14
Acaba de chegar à Universidade Humboldt de Berlim, na Alemanha, o nanoscópio Porto, equipamento de microscopia óptica com a maior resolução do hemisfério sul.
Nanoscópios são instrumentos de microscopia óptica de campo próximo, capazes de gerar imagens com resolução de poucos nanômetros, e também obter informações químicas e estruturais nessa escala.

De tecnologia brasileira, o nanoscópio foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
Trata-se, portanto, da primeira venda do equipamento da fábrica de nanossoluções FabNS, uma start-up de base tecnológica criada há três anos e especializada em instrumentos de espetroscopia ótica e soluções para caracterização de nanomateriais.
“A Alemanha é um centro de referência em instrumentação científica mundialmente reconhecida. Estamos protagonizando um marco na ciência brasileira ao vender para esse país uma tecnologia de ponta desenvolvida aqui no Brasil”, declarou o pesquisador do Inmetro e sócio da FabNS, o físico Thiago Vasconcelos.
Dessa forma, o equipamento possibilita analisar e manipular nanoestruturas em escalas de resolução dez mil vezes menores que a espessura de um fio de cabelo, por exemplo. A nanotecnologia é aplicada em áreas diversas, como medicina, agricultura, energia e materiais.
Nanoantena
Segundo Vasconcelos, além dos avanços importantes em instrumentação e software dedicados à técnica, o equipamento conta com um diferencial único: uma nanoantena capaz de gerar resultados sem precedentes e que podem auxiliar a desenvolver avanços em nanotecnologia.
O pesquisador ressaltou ainda que essa inovação foi patenteada pelo Inmetro e UFMG e hoje está licenciada à FabNS. Atualmente, o instrumento possui 16 patentes depositadas em vários países, como o Brasil, China, Europa e EUA.
Para chegar ao ponto de ser exportado, o equipamento percorreu uma rota de quase 20 anos, que envolveu investimento público em pesquisa e, desenvolvimento, para chegar à estruturação da linha de estudo, na consolidação das técnicas, e finalmente na concepção do produto.
Destaque internacional
Em 2021, o nanoscópio possibilitou a realização de uma pesquisa que ganhou destaque na capa da revista científica Nature, uma das mais importantes do mundo. O instrumento possibilitou o melhor entendimento de estruturas de grafeno rodadas e da sua supercondutividade (quando o material conduz eletricidade sem qualquer resistência).
Fotos: Divulgação