A pauta política de hoje é a defesa da democracia

Trata-se de uma pauta ampla, sem dono ou monopólio

Mariane Veiga, por Lúcio Carril

Publicado em: 02/06/2022 às 15:08 | Atualizado em: 02/06/2022 às 15:11

Estou vendo gente insistindo em fazer uma inversão da pauta política, motivada por análise extemporânea. Explico.

A pauta hoje é a defesa da democracia e a luta antifascista. Trata-se de uma pauta ampla, sem dono ou monopólio. Ela é capaz de mobilizar da esquerda à direita, passando por setores progressistas e conservadores.

É, sim, a defesa da democracia burguesa. Mas precisamos desse espaço para lutar por uma democracia popular, já que no fascismo ainda teremos que lutar pela democracia burguesa.

Há dois anos escrevi um texto falando da necessidade de uma frente antifascista, diante dos sinais de retrocesso político que este governo já acenava.

Hoje, têm segmentos da esquerda e centro-esquerda reivindicando o direito de paternidade da luta antifascista. Se não partir deles, não tem luta. Que não se misturarão a golpistas e reacionários, blá-blá-blá.

Ora, quando era o momento de romper para avançar não se rompeu e nem se avançou. Pelo contrário, os golpistas foram fortalecidos até o ponto máximo, até seu êxtase. Quando era o momento de ser classista se foi conciliador. Quando era o momento de criar um outro bloco histórico se priorizou o bloco oligárquico que já governava há séculos.

Entenderam?

Há uma análise extemporânea. O Brasil do golpe retroagiu e trouxe de volta a pauta antifascista. Não adianta querer virar revolucionário agora. Temos que ir às ruas de mãos dadas com todos que defendem a suada democracia burguesa.

Se erramos ao não avançar quando pudemos, para criar as bases da democracia popular, agora teremos que ter a coragem de defender o pouco que tínhamos.

Só mais uma coisa: aos revolucionários de fraldas, não esqueçam mais da luta de classes.

O autor é sociólogo.

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil