A pandemia da desigualdade social

A pandemia da desigualdade social

Mariane Veiga, Por Lúcio Carril*

Publicado em: 19/03/2020 às 10:48 | Atualizado em: 19/03/2020 às 10:56

Num país de ricos e pobres e uma classe média em queda livre, uma pandemia tem alvo. Quem pode ficar em casa? certamente que não é o trabalhador ou a trabalhadora.

A pergunta certa seria: quem pode não trabalhar? Ora, quem tem empregados para tocar sua empresa e tem uma reserva financeira para esperar a pandemia passar.

Numa sociedade de classes, o sacrifício é sempre de quem trabalha em troca de salário. Tirando os estamentos burocráticos, é a classe explorada que se lasca.

No Rio de Janeiro uma empregada doméstica morreu porque sua patroa, estando com o vírus, não quis liberá-la do trabalho. A trabalhadora não ficou em sua casa porque não teria como sobreviver, não tinha poupança ou dinheiro no cofre (nem cofre tinha).

Quem pode fazer compras para um mês, dois meses, três meses inteiros?
O povo dos morros, bairros e favelas precisam ir todos os dias à feira ou à quitanda comprar o que dá naquele dia.

Quem pode não pegar ônibus, geralmente lotado, e ir de carro para o trabalho ou fazer compras? A resposta está no dia a dia.
O vírus sempre tem alvo, sem saber, mas a desigualdade social sabe bem proteger os seus.

O *autor é sociólogo e comunista.

 

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Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil