A democracia resiste e luta por seu espaço na história do Brasil

Chegamos em 2022. A democracia resiste, com a força dos seus defensores e o desejo de ter um espaço consolidado na história deste país

Ferreira Gabriel, por Lúcio Carril*

Publicado em: 03/11/2022 às 12:22 | Atualizado em: 03/11/2022 às 12:22

Sim, a democracia tem vida, nomes, valores e espírito. Não é uma categoria abstrata, metafísica e indiferente à existência humana.

Na nossa história, a brasileira, a democracia foi vítima de sucessivos golpes para impedir a participação popular. Foi assim desde a proclamação da república, onde militares, elite latifundiária e burguesia emergente deram um pé na bunda de Dom Pedro e instalaram um governo de acordo com seus interesses, impedindo assim que o povo explorado e escravizado fizesse sua revolução.

Não foi diferente em 1964.

Naquele ano, as forças retrógradas voltaram a operar para impedir a participação do povo e os avanços sociais e econômicos que garantiriam um prenúncio de justiça social. Mais uma vez as elites se uniram para excluir as massas e fazer do Estado uma concubina dos seus interesses escusos.

Não foi diferente em 2016.

Novamente, um golpe foi dado para garantir benesses e privilégios políticos e financeiros. Foi um golpe para assegurar a corrupção no Estado brasileiro e a manutenção de propinas nos três poderes. Seguiu a estratégia da nova geopolítica mundial, evitando tanques e fuzis, mas usando a estrutura viciada das instituições.

Nesses três momentos da história do Brasil a democracia foi a principal vítima. Como se trata de um regime de garantia dos direitos coletivos, o povo sofreu suas principais consequências.

Chegamos em 2022. A democracia resiste, com a força dos seus defensores e o desejo de ter um espaço consolidado na história deste país.

Não será fácil essa luta, diante de uma história que não se fez democrática. As elites sempre pintaram de cinza e de sangue a história desta nação. São violentas e mesquinhas. Mas é certo que sempre enfrentaram a corajosa resistência democrática, desde a luta abolicionista até nossos dias.

A caminhada têm pedras pelo caminho, mas sempre haverá gente para transpô-las. Pedras não tem espírito.

*O autor é sociólogo