A barbárie resiste como um verme no esgoto
"Como eu poderia, em pleno século XXI, apoiar a homofobia, o racismo e demais violências que emblemam a vida desse indigente intelectual?"

Aguinaldo Rodrigues, por Lúcio Carril*
Publicado em: 16/07/2021 às 06:00 | Atualizado em: 16/07/2021 às 11:16
“Temos estratos sociais que se caracterizam por essa barbárie, principalmente aqueles formados por classes médias e pelo lumpesinato”
Trecho do artigo
Outro dia um desavisado me perguntou: “Por que você não votou no Bolsonaro?’. Respondi sem titubear, é claro: por razões civilizatórias.
Esta é a principal razão de repudiar um símbolo nefasto do atraso cultural.
Como eu poderia, em pleno século XXI, apoiar a homofobia, o racismo e demais violências que emblemam a vida desse indigente intelectual?
Mas, por que tanta gente votou nele? Ora, por razões não civilizatórias e eivadas dos mesmos males que ele padece.
Temos um povo contaminado pelo barbarismo; que lincha seu semelhante, que olha outras raças com asco, que espanca seu filho ou sua filha pela orientação sexual deles, que defende a corrupção dos seus e por aí vai.
Isso é visto e sentido todos os dias.
Temos estratos sociais que se caracterizam por essa barbárie, principalmente aqueles formados por classes médias e pelo lumpesinato.
Bolsonaro é a representação cruel dessa gente.
Sei que muitos votaram por equívoco político, achando que o problema do país era segurança. O fizeram por viver sob o medo e o ser humano tende a buscar respostas às suas necessidades imediatas.
Mas, outros muitos votaram e continuam apoiando por identidade cultural ou melhor dizendo, por aculturamento.
Viver da carniça da história é lamentável. Não ter passado do medievo ou das relações isoladas do barbarismo é humanamente destrutível.
Insistir no anacronismo como sobrevivência social é um recurso inexplicável, já que a vida tem seu tempo e não voltamos a ser crianças à espera de um outro amanhã.
Não é possível insistir na existência miserável. Quem assim vive já teve seu óbito cultural na história.
Foto: BNC Amazonas
*O autor é sociólogo