Vice-presidente da Câmara critica Bolsonaro por ameaçar as eleições

O deputado Marcelo Ramos (PL) disse que é a Constituição Federal quem decide sobre a realização de eleições e não o presidente da República

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 09/07/2021 às 18:50 | Atualizado em: 20/06/2022 às 11:55

O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL), disse que é a Constituição Federal quem decide sobre a realização de eleições e não o presidente da República.

A fala do deputado amazonense é uma crítica ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que no encontro com apoiadores nesta sexta-feira (09), no cercadinho do Palácio do Alvorada, ameaçou a realização do pleito em 2022.

“Não tenho medo de eleições, entrego a faixa a quem ganhar, no voto auditável e confiável. Dessa forma, corremos risco de não termos eleições ano que vem. Futuro de vocês que está em jogo”, afirmou.

Bolsonaro chamou Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de “idiota” e “imbecil” por ele ser contra o voto impresso.

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“Não é o presidente da República que decide ou escolhe se tem eleição ou não. Quem decide se tem e quando tem eleição é a Constituição Federal”, afirmou Ramos.

De acordo com o vice-presidente, quando o presidente afronta a Constituição colocando em xeque a realização das eleições não é dado escolha aos demais poderes da República de que lado ficar.

“Eles devem ficar ao lado da Constituição que juraram respeitar e defender”, disse Ramos.

Ameaça

O deputado também se manifestou sobre a entrevista ao O Globo do comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior, na qual disparou contra o presidente da CPI da covid, Omar Aziz (PSD).

O comandante afirmou que a nota conjunta das três Forças dirigida a CPI foi um “alerta às instituições.”

Questionado se os militares estariam embarcando numa aventura golpista, o brigadeiro respondeu: “Homem armado não ameaça.”

“O comandante da aeronáutica extrapolou seus limites institucionais. Não cabe a ele impor limites as investigações da CPI e nem impedir investigação sobre a conduta de militares no exercício de funções civis”, disse Ramos.

Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados