WhatsApp vira arma de assessor de Salles contra fiscais do Ibama
O homem de confiança do ministro do Meio Ambiente pressionou servidores do Ibama para retirar uma autuação

Publicado em: 28/05/2021 às 16:22 | Atualizado em: 28/05/2021 às 16:23
Um assessor especial do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, usou um grupo no Whats App para pressionar fiscais do Ibama a cancelar uma autuação.
Os diálogos revelados de março deste ano foram incluídos no inquérito, ao qual a Reuters teve acesso.
A ação que investiga o titular da pasta segue em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em investigação sobre exportação ilegal de madeira, Salles foi alvo na semana passada de uma operação de busca e apreensão de documentos e materiais eletrônicos em endereços ligados a ele. Durante a ação, ocorreu quebra dos sigilos bancário e fiscal de janeiro de 2018 até maio deste ano.
Na ocasião, o STF decidiu afastar 10 pessoas, entre elas Leopoldo Penteado Butkiewicz, o assessor especial do ministro, e Eduardo Fortunato Bim, presidente do Ibama.
Leia mais
PF aponta fortes indícios que Ricardo Salles está envolvido em corrupção
Coaf aponta operação de R$ 1,79 milhão de escritório já Salles ministro
Ministro Salles pode ter facilitado contrabando de madeira na Amazônia
PF faz buscas e apreensão em endereços de Ricardo Salles
Whats App
No diálogo apresentado por um servidor do Ibama que depôs espontaneamente na investigação em 2 de março, o homem de confiança de Salles pediu informações sobre uma propriedade que foi embargada, enviando, inclusive, documentos do processo administrativo.
Butkiewicz perguntou se era possível avocar o processo e chegou, mesmo sem ter elementos para isso, a dizer que se poderia realizar um desembargo porque “parece que já cumpriu as medidas de recuperação”.
Um servidor divergiu do assessor do ministro e disse que a liberação não tinha sido dada. Pediu a ele que encaminhasse os documentos da liberação nos canais específicos. Na conversa, Butkiewicz chegou a sugerir a criação de um novo e-mail para resolver o caso.
O assessor do ministro chegou a ser alertado por uma pessoa que o grupo de WhatsApp não seria o melhor canal para se fazer esse tipo de solicitação, mas, mesmo assim, Butkiewicz insistiu com o pedido.
Leia mais no UOL
Foto: BNC Amazonas