Nova ação no MP, PGR e STF cobra responsabilidade por mortes no AM

Denúncia realizada pelo deputado federal José Ricardo e várias entidades quer investigação pelas mortes por falta de UTI e oxigênio

Bolsonaro diz que fez 'mais do que devia' sobre crise em Manaus

Publicado em: 24/02/2021 às 20:23 | Atualizado em: 24/02/2021 às 20:24

Denúncia aos ministérios públicos do estado (MP-AM) e federal (MPF), Procuradoria-Geral da República (PGR) e Supremo Tribunal Federal (STF) relata tragédia vivida no Amazonas por falta de oxigênio e leitos de UTI para pacientes de coronavírus (covid).

Trata-se de uma nova tentativa de atribuir responsabilidade a gestores públicos por vidas perdidas para a doença.

Conforme ação preparada pelo deputado federal José Ricardo (PT-AM) e 33 entidades, como Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares), Comissão Pastoral da Terra/AM e Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua), o país espera que sejam apontados e punidos os agentes, públicos e privados, responsáveis pelas mortes.

Na denúncia, o petista e as entidades destacam casos ocorridos no Amazonas nos dias 14 e 15 de janeiro.

Para os denunciantes, foram perdas que poderiam ter sido evitadas porque tiveram a gravidade informada com antecedência.

A ação está recheada de relatos de familiares que viveram esse drama.

De acordo com Ricardo, nesses dias foram diversas mortes por falta de oxigênio nas unidades de saúde.

Dessa maneira, o estado registrou o recorde de óbitos em um único dia desde o primeiro pico da covid, em abril e maio de 2020.

Foram 159 pessoas que perderam a vida, disse ele citando dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS).

Os cemitérios de Manaus receberam mais de 200 vítimas da covid nesse dia, conforme o deputado.

Além disso, mais de 500 pacientes precisaram ser retirados de Manaus e transferidos para outros estados por falta de leitos e oxigênio. 

“Um massacre aos direitos humanos, pela falta de assistência adequada para garantia do direito à saúde e à vida. Segundo relatos de pesquisadores, profissionais da saúde e cidadãos, pessoas morreram pela negligência ou incompetência dos governos federal e do estado”, disse ele.

Como resultado, os dois primeiros meses deste ano, sendo que fevereiro ainda nem acabou, tiveram mais mortes pela covid do que todo o ano de 2020. Só em janeiro foram 2.971 vidas perdidas.

“E mais mortes podem ter ocorrido por essa causa dias antes do ápice da tragédia anunciada, conforme depoimentos de algumas famílias na nossa representação, que segue sob pedido de sigilo, para a proteção dessas pessoas. Por isso, cobramos a responsabilização criminal e administrativa dos agentes públicos e privados”.

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Os responsáveis pelo genocídio

Para o deputado, não há empenho do governo Bolsonaro em acabar com o coronavírus no país.

E, assim, faz de Manaus “laboratório a céu aberto da política de extermínio de Bolsonaro”, com postura negacionista, negligente e sempre contrária ao lockdown.

O petista critica ainda a flexibilização das medidas restritivas de atividades econômicas não essenciais pelo Amazonas.

“Contra a ciência e contra todos que alertavam para uma nova onda da covid-19, deixaram de se precaver e preparar o estado e o município para suportar uma alta demanda de contaminados e doentes”.

Foto: Divulgação/Prefeitura de Autazes