A saga de figuras conhecidas por uma cadeira na Câmara de Manaus
Nomes que já ocuparam cargo até no Senado põem a julgamento do eleitor de Manaus o que fizeram em seus mandatos em passado recente

Gabriel Ferreira, da Redação do BNC Amazonas*
Publicado em: 31/10/2020 às 06:00 | Atualizado em: 31/10/2020 às 11:43
Nesta eleição em Manaus, o eleitor se depara na propaganda política com figuras conhecidas, que exerceram mandato. Por isso, são nomes já experimentados nas urnas que põem a julgamento tudo o que fizeram ou deixaram de fazer como vereador da capital.
Como não há pesquisa divulgada sobre a intenção de voto para as 41 cadeiras da Câmara de Manaus, não é possível afirmar de quanto será a taxa de renovação neste pleito. Entretanto, o pesquisador Durango Duarte especula que até cerca de 60% dos atuais vereadores não se reelegem.
Para que a previsão de Duarte se confirme, é preciso que praticamente todos os 27 vereadores que tentam a reeleição não obtenham sucesso. Ele afirma, com certeza, que a metade da casa não volta.
Segundo o especialista em estudos de campanhas, “três partidos devem eleger três ou quatro vereadores”. Além disso, afirmou Duarte, seis partidos deverão ter entre 18 e 21 vereadores. Ou seja, quase metade da Câmara.
De acordo com ele, “são partidos que se estruturaram com 62 nomes, com gente forte”. Por exemplo, cita o PSDB do atual prefeito de Manaus, que tem dez vereadores concorrendo.
Ele vai além na sua análise. “Dos 21 que têm estrutura, que têm voto mesmo, que são candidatos com cinco, sete, oito mil votos, eu ainda arrisco que três ou quatro podem ser prejudicados”.
Duarte destaca outro ponto que pode ser uma injeção de ânimos para quem sonha com a volta ao parlamento. É a indecisão ou até mesmo a indefinição do eleitor sobre o seu candidato a vereador.
“Cerca de 65% dos eleitores não têm a menor ideia em quem vai votar para vereador daqui 18 dias”, destacou.
Cenário desafiador
É esse cenário, portanto, que os ex-mandatários têm como desafio. E vão ter de enfrentar alta concorrência. Afinal, são 1.411 candidatos com o mesmo objetivo, conforme os registros na Justiça Eleitoral.
A favor das figuras carimbadas da política baré, a opinião de observadores da política. Há entre eles quem aposte que nomes mais conhecidos, incluindo os atuais vereadores, têm mais chances de se eleger.
É que a epidemia do coronavírus (covid-19) em Manaus não permitiu que os novatos se apresentassem devidamente ao eleitor. A proibição das tradicionais aglomerações de comícios e reuniões dificultou a vida desses candidatos, diz um deles. E o espaço pífio na propaganda de rádio e TV não preenche essa lacuna.
Dessa maneira, reside nesses aspectos a esperança de quem um dia já frequentou o parlamento voltar a gozar das benesses do cargo. Ao mesmo tempo, o êxito nas urnas pode representar uma chance de redenção na política, escrevendo uma nova história. Desta vez, alinhada com a procuração dada pelo cidadão para que o vereador seja porta-voz das demandas coletivas.
*Colaboração de Aguinaldo Rodrigues
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Até ex-senador na disputa
Com base nas informações dos registros de candidaturas no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM), o BNC Amazonas levantou nomes que já tiveram mandatos ou exerceram cargos públicos, como de secretários nos governos, por exemplo. Há, portanto, até ex-deputados e ex-senador disputando as eleições em Manaus.
Confira os principais nomes dessa lista:
João Pedro
Com um vasto currículo na política, que o levou inclusive ao Senado, em 2007, João Pedro Gonçalves (PT) é um dos candidatos mais conhecidos nesta eleição. Além de senador, cargo que exerceu até 2011, o petista já foi deputado estadual (1982) e vereador de Manaus de 1989 a 1992.
Sem conseguir voltar ao parlamento estadual e federal nas duas últimas eleições majoritárias, João Pedro agora tenta uma vaga de vereador.
Mário Frota
Fenômeno de votos das décadas de 1970 e 1980, o ex-deputado federal, ex-deputado estadual, ex-vice-prefeito de Manaus e ex-vereador da Capital, o advogado Mário Frota tenta voltar à Câmara Municipal de Manaus aos 77 anos de idade. A curiosidade desta eleição para ele foi a guinada ideológica. Mário sempre participou de movimentos de esquerda, inclusive, com longa filiação no PDT. Para o pleito 2020, ele escolheu o PSL, principal força da direita na Câmara dos Deputados.
Luís Mitoso
Atual presidente do Manaus Futebol Clube, Luís Mitoso busca retornar a câmara depois de não se reeleger em 2016. Antes disso, já havia conquistado dois mandatos no legislativo baré. Além disso, é o atual segundo suplente do senador Omar Aziz (PSD), das eleições de 2014.
Francisco Souza
Ex-deputado estadual, Francisco Souza (Patriota) teve cinco mandatos consecutivos no parlamento estadual. Foi quando se aventurou a uma vaga a deputado federal, sem êxito. Sua primeira vitória para a Assembleia Legislativa (ALE-AM) foi em 2010. Tentou ser prefeito de Iranduba por duas vezes, mas nem pegando carona na construção da ponte sobre o rio Negro conseguiu sucesso. No mandato de deputado, sempre que exaltava a obra que custou mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos, Souza dizia que a ideia da ponte nasceu em audiência pública que foi realizada a seu pedido, no dia 18 de junho de 2003. Souza, porém, rompeu e perdeu apoio de seu principal cabo eleitoral, a Igreja Assembleia de Deus.
Fabrício Lima
Filiado ao Pros, o ex-secretário de Esportes na prefeitura de Arthur Virgílio Neto (PSDB) e ex-secretário de Juventude, Esporte e Lazer (extinta Sejel, do Governo do Estado, na gestão de José Melo), Fabrício Lima tenta voltar à câmara, onde já esteve por dois mandatos. Primeiro, em 2001, quando assumiu como suplente. Depois, em 2004, quando se reelegeu. Mas, na eleição seguinte não conseguiu se manter no parlamento. Ainda voltou a ser vereador, de novo assumindo como suplente, em 2010. Ao final dessa legislatura, dois anos depois, Lima tentou ser deputado estadual em dois pleitos seguidos, mas não teve sucesso.
Portanto, há pelo menos oito anos não sente o gosto de subir à tribuna parlamentar.
Sildomar Abtibol
Fora de cargo eletivo desde 2018, quando perdeu na eleição para deputado estadual, o ex-vereador tenta voltar à casa onde esteve por cinco mandatos seguidos.
Com passagem por cargos nas prefeituras de Amazonino Mendes (Podemos) e do atual prefeito Arthur Virgílio Neto, do PSDB, seu partido, Sildomar vai testar popularidade, principalmente na área de esportes. Ele é ex-jogador de futebol profissional.
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Jairo da Vical
Vereador por dois mandatos, de 2008 a 2016, Jairo da Vical (Avante) ficou marcado quando foi flagrado, na última eleição em Manaus, fazendo campanha antecipada, ajudando a pintar uma parada de ônibus. Apesar da tentativa de pôr a mão na massa, ou melhor, mão na tinta, não se manteve na câmara.
Empresário do ramo de transporte coletivo, Vical já tentou ser deputado estadual por três vezes (2010, 2014 e 2018).
Tony Ferreira
Após 12 anos afastado de mandato, o ex-vereador por dois mandatos Tony Ferreira (PL) quer voltar ao poder. Conforme notícias da época, ele deixou a vida pública por depressão.
Waldemir José
Como afiliado do PT, Waldemir José foi vereador 2011 a 2016. Sem sucesso na reeleição, disputou a eleição de 2018 para deputado estadual, quando ficou apenas como suplente.
Mario Frota
Ex-vice prefeito de Manaus, eleito em 2004, na chapa encabeçada por Serafim Corrêa, o candidato do PSL, Mario Frota busca retornar ao cargo de vereador na CMM em 2020. No legislativo baré, ele exerceu três mandatos, além disso foi deputado estadual por dois mandatos seguidos entre 1999 a 2004. Frota também foi deputado federal, entre os anos de 1974 e 1982.
Reizo Castelo Branco
Filho do ex-deputado federal Sabino Castelo Branco, o vereador em busca de reeleição em 2020, Reizo Castelo Branco (PTB) é um dos nomes conhecidos na política amazonense, e carrega a fama de ‘campeão’ de votos em Manaus. No último pleito em 2016, ele foi o terceiro mais votado à Casa Legislativa Municipal. Reizo já exerceu três mandatos no legislativo manauara. Além disso, ele foi candidato a deputado estadual em 2014, e federal em 2018. Nas duas disputas, ficou apenas como suplente. Em 2012, o candidato a vereador e o pai, Sabino, foram julgados inelegíveis por oito anos pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM). Conforme a corte, os dois usavam de forma indevida dos meios de comunicação e abuso de poder econômico. Em 2014, com recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a situação foi revertida, sendo anulada inelegibilidade de ambos.
Foto: Robervaldo Rocha/CMM
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