Governadores reagem contra governo por rejeitar vacina chinesa
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quarta (21), não ter autorizado a compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa.

Publicado em: 21/10/2020 às 19:33 | Atualizado em: 21/10/2020 às 19:33
Governadores de partidos de esquerda reagiram contra a decisão do presidente Jair Bolsonaro, de rejeitar a vacina chinesa. Um dos governadores acredita, sobretudo, que os demais recorrerão ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quarta (21), não ter autorizado a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac.
A vacina contra covid-19 é produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
A notícia da compra, contudo, tinha sido dada pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em reunião com governadores na terça (20).
Após as postagens do presidente, o Ministério da Saúde negou qualquer previsão de compra da vacina pelo Governo Federal.
Nas redes sociais, governadores de oposição cobram, entretanto, posicionamento sobre a promessa feita (na foto, governadores em Brasília).
Com veto à vacina, Bolsonaro amplia lista de desautorizações; caso lembra Mandetta, Teich, Moro e Guedes.
Governadores
O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), pediu para que Bolsonaro tenha “gentileza” e “lidere o Brasil para saúde”.
De acordo ele, a “guerra” não é eleitoral e sim contra a pandemia. “Não podemos ficar uns contra os outros. Vamos trabalhar unidos para vencer o vírus. E salvar os brasileiros”, afirmou.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), disse que “salvar vidas e libertar os brasileiros do coronavírus são objetivos que devem unir todos nós”.
De acordo com ele, adquirir as vacinas, que primeiro estiverem a disposição, deve ser a “meta primordial”.
“Nesse contexto não há espaço para discussão sobre assuntos eleitorais ou ideológicos”, escreveu.
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Camilo Santana (PT), governador do Ceará, cobrou que o governo federal guie suas decisões por critérios técnicos.
“Não se pode jamais colocar posições ideológicas acima da preservação de vidas”. Em seguida, destacou: “Lutaremos para que uma vacina segura e eficaz chegue o mais rápido possível para os brasileiros.”
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou que o Instituto Butantan não pertence ao governo chinês.
“É um patrimônio do povo brasileiro, fundado há mais de 100 anos, e merece respeito”.
Dino também questionou o presidente sobre as falas desta quarta-feira. “Qual a autoridade de Bolsonaro para tentar desmoralizar uma instituição e seus cientistas?”.
De acordo com ele, os governadores irão ao Congresso e ao Judiciário para garantir o fornecimento da vacina chinesa.
“Não queremos uma nova guerra na Federação. Mas, com certeza, os governadores irão ao Congresso Nacional e ao Poder Judiciário para garantir o acesso da população a todas as vacinas que forem eficazes e seguras. Saúde é um bem maior do que disputas ideológicas ou eleitorais”, escreveu.
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Foto: Erasmo Salomão/Ministério da Saúde