Resposta ao ataque do tráfico precisa ser dura. E permanente

Regiões ocupadas pelo tráfico para o plantio de maconha podem tomadas pelo Estado em ação feita nos mesmos moldes que tirou Monte Horebe do crime organizado, em Manaus

Por Neuton Corrêa, da Redação do BNC AMAZONAS

Publicado em: 05/08/2020 às 07:10 | Atualizado em: 05/08/2020 às 08:42

A dura ação anunciada ontem pelo governador Wilson Lima (PSC) para responder ao ataque do tráfico de drogas, que resultou na morte de sete pessoas, entre elas um cabo e um sargento da PM, em Nova Olinda do Norte, está de acordo com o que o calor dos ânimos espera.

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Mas a ação precisa ir além de uma operação policial.

Além de dura, a resposta precisa ser permanente.

Em curto, médio e longo prazos, o poder público, União, Estado e municípios, precisa expulsar, retomar e ocupar com a presença de órgãos públicos e atividades econômicas as terras que o crime, com o plantio de maconha, mostra serem férteis e lucrativas.

Não somente isso, mostram que, além de agriculturáveis, sem a efetiva presença do Estado, esses territórios têm tudo o que o poder público não tem levado em conta, mas que é bem aproveitado pelo tráfico.

Quem já esteve em lavouras de maconha, no interior do Amazonas, como eu estive em abril de 2005, na Zona Rural de Maués, onde a terra preta indígena tem grande incidência, pôde ver que os plantios de droga têm tudo o governo historicamente nega à agricultura regular.

Tudo o que tráfico tem, terras férteis, tecnologia, financiamento, mão de obra e mercado, também pode ser proporcionado aos povos do interior da Amazônia, que a cada dia se tornam ainda mais vulneráveis ao crime.

A força do Estado vai muito além do seu braço armado. E, efetivamente, no caso de Nova Olinda do Norte, não passará de paliativo, caso a dura resposta seja apenas policial.

O governo Wilson Lima possui um modelo exitoso de enfrentamento ao crime organizado e que pode ser aplicado, em escala maior, em Nova Olinda do Norte, e em outras regiões do Estado dominadas pelo tráfico.

Por exemplo, o que foi feito na invasão Monte Horebe, na Zona Norte de Manaus, no começo do ano, também pode ser replicado no interior do Estado.

No Monte Horebe, o Estado entrou na região com inteligência, conheceu o problema e a tomou dos traficantes com uma ação multidisciplinar que não deu tempo do crime esboçar reação.

Hoje, até uma escola modelo está sendo construída na área, mostrando o poder do Estado.

É essa força que o governo precisa também precisa mostrar nos territórios ocupados pelo tráfico no interior do Amazonas e que pode começar por Nova Olinda do Norte.

 

Foto: Divulgação/Ministério da Justiça