Depois dos temporais

Mariane Veiga, Por Thomaz Antonio Barbosa
Publicado em: 11/06/2020 às 10:00 | Atualizado em: 10/06/2020 às 21:43
A pandemia do covid-19 virou o mundo de cabeça para baixo, mexeu na vida das pessoas, desacelerou a sociedade, a economia e afetou em cheio o mundo da política.
Escândalos, superfaturamentos, quebras de licitações á parte o vírus chinês conseguiu jogar por terra as eleições municipais desse fatídico ano de 2020.
Quando a pandemia passar talvez quem foi não será mais, o discurso de ontem não servirá para hoje. Quem desejava um porte de arma para matar o vizinho, quem sabe, estará desejando um dia de sol para confraternizar com ele, de mãos dadas caminhando na praça, comemorando um novo tempo.
Provavelmente serão outras as prioridades, a vida não será mais tão banalizada e a lei do machado terá ido com a pandemia.
Vivemos o tempo de plantar, apesar de ainda existir um pouco de colheita da safra do ano passado. E nessa esteira o que irá agradar o paladar do eleitor que queria mudança pelo viés da barbárie? Como dizia o Chapolin: quem irá nos defender?
Antes de tudo isso acontecer o manauara estava apostando suas fichas no retorno (?) de Amazonino; especulava com o David Almeida; empurrava o Zé Ricardo de ladeira a baixo e namorava figuras de média grandeza umas em ascensão, outras que já orbitavam a velha galáxia manaó.
Bem, quem apostava no discurso de bandido bom é bandido morto, suponho eu, terá que rever seus conceitos.
Uma sociedade afetada por uma tragédia global não retorna mais a mesma. E o que expôs o coronavírus acerca de vida pública?
Em primeira mão afirmo categoricamente que em matéria de governo vivemos a fase da inexperiência misturada à negligência, a fragilidade do gestor em dar resposta, sobretudo o desrespeito com o ser humano.
O que se ouve nas notícias são as velhas práticas do superfaturamento, da quebra de licitação fraudulenta, dos números maquiados e do enriquecimento a custa da dor mais profunda da população.
Para quem viveu na idade média difícil era tomar banho e tirar aquela nojenta peruca da cabeça, para quem vive os nossos dias a dificuldade é ficar em casa.
O peixe continua morrendo pela boca. Entretanto, para os glutões da época da gripe espanhola, da varíola e outras pestes, impossível era não deixar de meter no bolso o dinheiro público.
Bingo os de hoje também!
Portanto, diante desses fatores, aposto que, na mente do eleitor, provavelmente o que era antes da pandemia não será mais de agora em diante.
Em se tratando de eleição receio em afirmar se ainda haverá espaço para o discurso da barbárie, misturado com o do novo.
Por fim, com a maior cautela do mundo digo que aquilo que a pandemia não conseguiu levar o eleitor certamente vai dar um jeito de sepultar nas urnas.
*O autor, apresentador do programa “Conversa Franca”, no BNC Amazonas, é contador, formado em ciências contábeis pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), MBA em marketing pela Universidade Gama Filho e mestrando em ciências empresariais na UFP/Porto, em Portugal.
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil