Entre gregos há troianos

Mariane Veiga, Por Thomaz Antonio Barbosa

Publicado em: 29/05/2020 às 10:16 | Atualizado em: 29/05/2020 às 10:16

A América Latina apresenta suas armas e como não poderia deixar de ser com um altíssimo efeito letal e um absurdo poder de alcance. Enfiada em governos que se articulam do populismo à ditadura o inicio do século vinte e um tirou o Novo Mundo do anonimato.

De prósperos a decadentes num piscar olhos, os governantes dos países latinos se envolveram em um mar de corrupção na singela tentativa de se perpetuar no poder, em um jogo criminoso de egos e delírios autoritários.

Depois da prisão de políticos, empresários e até de presidente da república no Brasil o cancro parece ser ainda a República Bolivariana da Venezuela e o governo conturbado e totalitário de Nicolas Maduro, considerado hoje pelos seus críticos como a besta do apocalipse emergindo do mar do caribe. Sua soberba parece não ter fim, bem como, a sanidade e mais o que possa vir em quesito de valores humanos.

Deus ou demônio há quem diga que existe uma conspiração internacional para criar um cenário externo ruim como forma de pressionar o herdeiro de Hugo Chaves e macular sua imagem a ponto de arrancá-lo do poder; há outros que defendem que um indivíduo jamais largaria sua pátria, seus entes queridos, sua história de vida em seu país de origem pela simples vaidade de mendigar em terra estranha.

Outrossim, aos olhos de todos a crise politica, econômica e humanitária da Venezuela ultrapassa a linha de fronteira e arranca interjeições de adversários e suspiros de aliados, no mesmo compasso que expulsa seus filhos para as profundezas do abismo do destino incerto.

Em linhas gerais, uma parcela dos que migram são considerados por outra dos que ficam como mercenários, pessoas que se acostumaram a viver na tutela de alguém, um hospedeiro parasitando um organismo indefeso, incapazes de fazerem qualquer esforço patriótico na hora da necessidade geral da nação e sua.

Entretanto, diante da recessão econômica as medidas de contenções adotadas pelo governo venezuelano chegaram ao extremo de um cidadão nacional passar dois dias em uma fila quilométrica aguardando para tentar comprar a cota máxima de um quilo de alimento por item e, infelizmente, quando chegar a sua vez de ser atendido no balcão não ter mais nada na prateleira para se levar para casa e alimentar a família.

Todavia, não se sabe quem são esses rostos anônimos que habitam as ruas do continente, se acaso se tratam de seres desesperados em busca de abrigo como se apresentam para nós ou se financiados por um grande sistema gerador de intrigas internacionais que facilita tanto a saída de sua pátria como a acolhida em terra desconhecida.

Em último caso, podendo ser patrocinados pela indústria do crime organizado como o narcotráfico ou a lavagem de dinheiro de outras fontes.

Seguramente a fome é a maior arma de destruição em massa da integridade física, moral e intelectual de um homem, um deserto de vertigens e dores não contadas, um oceano de amarguras e de silêncio que não se sabe onde começa nem quando termina.

Contudo, o que se tem de concreto é que a situação da Venezuela está difícil de resolver em curto prazo. Comparada a uma guerra mundial em território fechado, o que se pode afirmar é que na Guiana Espanhola todos lutam contra todos e somente os mais fracos sofrem a agonia de um extermínio silencioso.

 

*O autor, apresentador do programa “Conversa Franca”, no BNC Amazonas, é contador, formado em ciências contábeis pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), MBA em marketing pela Universidade Gama Filho e mestrando em ciências empresariais na UFP/Porto, em Portugal.

 

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Foto: Reprodução/Agência Brasil