Diário de uma quarentena | 49º dia, 8 de maio – O eterno presente
Hoje é dia de versos, de poesia na pandemia

Neuton Correa, de Neuton Corrêa*
Publicado em: 08/05/2020 às 21:54 | Atualizado em: 08/05/2020 às 22:14
Hoje é sexta-feira. São 20h50.
O novo coronavírus (Covid-19) avança ainda mais para o interior do Estado.
Até ontem, de todos os casos anunciados na pandemia, 41,61% eram do interior do Estado. Hoje, dos 10.727 casos, 43,75% são dos municípios interioranos.
Para se ter ideia desse crescimento exponencial, há três semanas, 87,3% dos casos se concentravam em Manaus.
A capital parece ter reduzido os registros. Nas últimas 24 horas, foram 137 testados positivos, enquanto o interior teve a contagem de 491 casos.
Agora, já são 54 municípios do interior amazonense com registros oficiais da doença.
Sete ainda não tiveram contágio.
O último município a entrar na estatística foi Apuí, no Sul do Amazonas.
Hoje o Amazonas conta 10.727 casos, no total, com 874 óbitos.
O Dia no Brasil
O Brasil registrou 751 novas mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas e bateu um novo recorde. É o quarto dia seguido com mais de 600 óbitos por dia.
O País conta na pandemia 9.897 mortes pelo novo coronavírus. Ao todo, são 145.328 casos.
Em sua campanha contra o isolamento social, o presidente da República anunciou que promoverá um churrasco para 30 pessoas.
O eterno presente
Tudo de repente, como repente
Desfez-se tudo, premente
Como premente, num repente
Se foram Beto, Thiago e Iolanda
Se foi Bruno, se foi Sávio
Se foram Ricardos
Se foi Fabiano.
Entes queridos,
Entes partidos
Entes aflitos,
Choro, dor comovente.
Aflição que se sente
Impotente
Que prende
Quem entende e não entende
E quem entende?
Também não entende.
Há indiferente
E daí?
Indolente a milhares
Milhares que sentem
Uma dor que não passa
A dor de um eterno presente.
Esses versos improvisados são gratidão ao amigo Henrique Medeiros que me enviou hoje uma poesia para leitura, “Miriti do meu passado”, de Luis Medeiros. Um presente raro em pandemia, que quero retribuir assim.
*O autor é jornalista e diretor-presidente do BNC Amazonas
Arte: Alex Fideles