Verdades não ditas
O povo, como provedor do Estado, está na função de exigir, jamais de insultar. Assim como, o mandatário teoricamente no dever de atender.

Mariane Veiga, por Thomaz Antônio Barbosa*
Publicado em: 27/04/2020 às 13:14 | Atualizado em: 27/04/2020 às 18:45
É incrível como o impeachment da Dilma e a prisão do Lula não serviram de lição a quem deveria. Diante de certas declarações e posicionamentos, ouso dizer que os problemas nacionais de agora são oriundos também do despreparo da esquerda brasileira, inclusive a eleição do atual presidente.
Bolsonaro é o resultado do desencanto e, portanto, da indignação de um país que deu a maior vitória eleitoral de sua história a um projeto de mudanças embrionado durante mais de duas décadas na promessa do Éden e, de repente, o que lhe chega foi um governo contestável, corporativo, com poucos compromissos, além de seu umbigo.
O país de hoje respira descompassado. Porém, antes da instabilidade econômica, institucional, social e moral, o Brasil vive a maior crise intelectual de sua história, e desta decorrem aquelas.
A pseudo-intelectualidade desrespeitosa brasileira, militante, porca, ébria, que insiste em dividir o país em dois, não ajuda em nada, sequer seus pares. Ao contrario, atrapalha.
Os doutores, sociólogos, filósofos, pensadores não passam de uma estatística puramente acadêmica, um coletivo que não consegue romper os muros das universidades e se comunicar com a grande massa. O cidadão está só e, nessa solidão, procura seus caminhos, é sensato.
Não existe o lulista, o bolsonarista, tão pouco o coxinha ou o mortadela. O que de fato há por trás de tudo é o povo brasileiro exercendo o livre direito às suas escolhas e que merece, mesmo divergente, respeito.
Ideias servem para o debate, não para o desrespeito; posições são combatidas, nunca achincalhadas.
O mandatário e o povo
Eu tenho feito ultimamente do presidente da República alvo de minhas criticas – ele é o dono da casa -, não de calúnias e amarguras pessoais irresponsáveis. O povo, como provedor do Estado, está na função de exigir, jamais de insultar. Assim como, o mandatário teoricamente no dever de atender.
Nesse jogo de culpas e culpados, em hipótese alguma vou virar minha metralhadora para cidadãos inocentes pelo simples fato de suas escolhas não serem iguais às minhas.
Tudo o que eu procuro fazer, e faço com convicção, é alertar as pessoas para a necessidade de fiscalizar, de unir o país em defesa do bem comum, embora por caminhos diferentes. Em politica não há santidade, porém nunca deixaremos de ser uma pátria, um país de irmãos.
Portanto, deixo aqui meu respeito profundo a eleitores de todos os lados, cidadãos nacionais necessitados, a quem a democracia deu o direito de livre escolha e a Constituição de se expressar.
É hora de unir a pátria. A pandemia não tem partido, nem ideologia. Por conseguinte, embaixo da terra os diferentes são todos iguais.
*O autor, apresentador do programa “Conversa Franca”, no BNC Amazonas, é contador, formado em ciências contábeis pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), MBA em marketing pela Universidade Gama Filho e mestrando em ciências empresariais na UFP/Porto, em Portugal.
Foto: Rogério Melo/Presidência da República