Governo federal testa piloto de gerenciamento de recursos no Amazonas
O projeto-piloto conta com alguns dos melhores desenvolvedores do Brasil

Publicado em: 16/04/2020 às 08:00 | Atualizado em: 15/04/2020 às 21:53
Um software que está sendo criado com o objetivo de otimizar a gestão de recursos durante a pandemia do coronavírus começará a ser testado no Amazonas nos próximos dias.
O projeto-piloto conta com alguns dos melhores desenvolvedores do Brasil e é liderado pelo Ministério da Saúde.
A iniciativa tem parceria com o Hospital Sírio-Libanês e a Fundação Itaú Unibanco, que concedeu R$ 1 bilhão para ações de enfrentamento ao coronavírus.
Uma equipe do Sírio está em Manaus desde a última segunda, dia 13, para dar suporte à Secretaria de Saúde (Susam) na definição de estratégias para uma resposta rápida frente à pandemia.
Entre os encaminhamentos realizados até agora estão ações de sensibilização das equipes, instalação de Gabinetes de Crise, bem como o levantamento de informações que abastecerão o software.
“Hoje nós estamos trabalhando com a formação de profissionais dentro dos hospitais que vão mapear leitos disponíveis, os recursos que estão sendo utilizados e os disponíveis. Então, o nosso trabalho hoje continua com a sensibilização e começa com a aplicação ou levantamento dos dados para poder montar, abastecer o software de informações dos recursos que tem, pacientes internados, quantos leitos que tem e a logística que vai ser necessária para atender a isso”, explicou o médico Michel Cadenas, especialista em Medicina de Desastre e líder da equipe do Sírio-Libanês.
Segundo ele, a expectativa é que, após a implementação no Amazonas, o projeto possa ser replicado nos demais estados.
“São três pilares que a gente precisa: organização, logística e pronto atendimento, e não há como fazer a tomada de decisão ou organizar a informação se a gente não tem (dados sobre) quantos ventiladores eu tenho, quantos leitos estão disponíveis, quantos pacientes estão internados. Então, esse aplicativo vai permitir que a gente mapeie em tempo real o Brasil todo, esses recursos todos”, disse.
Principais ações
A equipe do Hospital Sírio-Libanês já vinha atuando no Amazonas há três meses na implantação do projeto Lean das Emergências, outra iniciativa do Ministério da Saúde.
Em Manaus, a missão é otimizar a assistência em três prontos-socorros – HPS 28 de Agosto, HPS Platão Araújo e HPS João Lúcio.
Com a pandemia de Covid-19, os esforços passaram a se concentrar na organização de respostas à crise, que tem desafiado governos ao redor do mundo pela sobrecarga que impõe aos sistemas de saúde.
“O isolamento social permitiu algumas semanas de prazo para que a gente pudesse se organizar, e a contaminação, como era previsto, começou a se disseminar numa escala exponencial. Ela não é uma emergência intra-hospitalar, é uma emergência que extrapola os limites do hospital, impactando a sociedade”, frisou Michel.
Desde que o trabalho em conjunto com o Sírio-Libanês começou, o Governo do Amazonas avançou no Plano de Resposta Estadual para a rede de saúde diante do crescente aumento de casos do novo coronavírus.
Na terça-feira (14), foi realizada reunião de alinhamento com os gestores das unidades de urgência e emergência, da atenção básica do município e empresas médicas que prestam serviço ao Estado.
“Dentro dessa estrutura do plano de resposta, a proteção do hospital de alta complexidade é o ponto que nós julgamos fundamental. Uma vez que o paciente com Covid evolua mal, ele precisa de recursos de alta complexidade. Dessa forma, a rede precisa se reorganizar para que os pacientes mais graves tenham acesso às portas hospitalares e recebam o cuidado que é necessário para superar a infecção pelo Covid-19”, detalhou Cadenas.
De acordo com o especialista, a instalação dos Gabinetes de Crise Hospitalar também está em estágio avançado nas unidades que atuam diretamente no enfrentamento à pandemia.
Entre as medidas que estão sendo tomadas está a reorganização de fluxos, com a implantação de triagem externa nos serviços de urgência e emergência.
Para Cadenas, o resultado será a melhor utilização dos recursos disponíveis e a qualificação do atendimento aos pacientes.
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Foto: Michell Mello/Secom