“Puro oportunismo”, escreve Vicente Nogueira sobre Bolsonaro

O presidente "faz mise-en-scéne, faz pronunciamento, esperneia, mas não muda nada", diz o ex-secretário de Educação do Amazonas, Vicente Nogueira

Vicente

Neuton Correa, da Redação do BNC AMAZONAS

Publicado em: 28/03/2020 às 20:10 | Atualizado em: 28/03/2020 às 20:24

O ex-secretário de Educação do Amazonas, Vicente Nogueira, emitiu opinião hoje sobre a posição do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento ao coronavírus.

Para ele, o presidente não visa a doença.

“Está de olho em 2022. É puro oportunismo”.

Nogueira disse também que Bolsonaro defende uma ideia que não tem coragem para efetivar em seu governo.

“Quarentena vertical hoje só existe no Brasil e apenas como provocação retórica na boca do presidente e nas postagens de seus seguidores”.

Ele escreveu a publicação em seu perfil no Facebook.

 

Leia o texto:

Vivemos uma situação paradoxal e idiossincrática no Brasil.
O governo do presidente Bolsonaro, em sintonia com as orientações da OMS, implantou a política de isolamento horizontal. Já o próprio presidente Bolsonaro é o maior crítico da política implantada pelo próprio governo que preside.

Na prática, ele faz mise-en-scéne, faz pronunciamento, esperneia, mas não muda nada. Seu ministro da saúde simplesmente segue inabalado com a política oficial. Menos mal.

Inegável, portanto, que se trata de atitude política.
Ele não tem coragem de implantar a tal de quarentena vertical, que ele sabe ser assassina e, ao mesmo tempo, tenta se desvincular das consequências econômicas e financeiras que a atual política de isolamento está causando e vai causar, aqui e no mundo inteiro, ainda que seja correta.

Quarentena vertical hoje só existe no Brasil e apenas como provocação retórica na boca do presidente e nas postagens de seus seguidores.

Todos os demais países que namoraram com essa alternativa dela já se divorciaram. Sua existência é tão real quanto a do Papai Noel e a da Branca de Neve.

Certamente haverá um momento em que as restrições serão mitigadas como consequência natural, não como terapia para o controle da pandemia.

Na realidade, ele não está de olho no coronavírus; está de olho em 2022. É puro oportunismo.
Foto: Divulgação