Educação não é nada: uma idéia clara e distinta de Renato Janine Ribeiro
Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 24/10/2008 às 00:00 | Atualizado em: 24/10/2008 às 00:00
Gerson Severo Dantas*
O filósofo Renato Janine Ribeiro, professor de Ética e Filosofia Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, é um cara de coragem e de idéias claras e distintas, como bem recomenda Descartes. Conheci o professor lá pelos idos de 90, quando era presidente do Centro Acadêmico de Filosofia (Cafca) da Universidade Federal do Amazonas – uma das piores experiências da minha vida – e desde lá acompanho suas idéias ao longe. Intelectualmente umas vezes me distancio, outras tantas me aproximo.
A intensidade desses movimentos, sobretudo os de aproximação, dá-se em conformidade com minha transição para as hostes conservadoras da sociedade. Dessa experiência gostaria de dividir com os leitores aqui do TEXTOBRASIL duas questões postas por Janine nos últimos tempos: a defesa da pena de morte para os bandidos que arrastaram e mataram no ano passado o menino João Hélio, de seis anos, no Rio de Janeiro, e a constatação de que Educação não é a solução para os males do Brasil, como tão insistentemente defendem pedagogos de amplas matizes.
A pena de morte, defendida em artigo publicado na Folha de São Paulo, era, nas palavras de Janine, uma reprovação da sociedade, não uma simples eliminação física dos criminosos. O filósofo reconheceu que a defesa de uma pena que fracassou em todos os lugares em que foi aplicada era mais uma manifestação, uma implosão da razão pura dele, uma reação à violência com a qual o crime foi praticado. Era a revolta do cara pago para pensar, para racionalizar as mais diferentes e extremas situações. Gostei dessa só pela coragem dele em se expor na contramão da razão e do “senso comum intelectualizado”. Faz mais de um ano que gostaria de escrever isso, mas… taí.
A constatação de que a Educação não é nada, não é tudo se não vier complementada por outras ações foi feita num programa da TV Câmara. O filósofo defendeu que a universalização da educação pura e simples causa apenas o barateamento da mão-de-obra, ou seja a socialização da miséria bem qualificada. É o caso de Cuba, onde todo mundo tem anel de doutor, mas ganha uma miséria de salário. O pulo do gato para escapar dessa situação é equilibrar o binômio universalização da educação x geração de emprego. Ou seja temos que dar uma martelada no cravo do social e outra na ferradura da economia. Original o filósofo, não? O que acharam?
Filósofo, jornalista, mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia/Ufam.