Polícia Civil nega censurar imprensa e diz que delegado pode falar
Jornalista relatou cerceamento no acesso a informações via assessoria de imprensa

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 26/08/2025 às 21:42 | Atualizado em: 26/08/2025 às 21:45
A Polícia Civil do Amazonas negou, na noite deste dia 26 de agosto, ter proibido um delegado de conceder entrevista à TV Tiradentes, conforme denunciou neste dia o jornalista Ronaldo Tiradentes, no programa “Manhã de Notícias”, situação que foi publicada depois pelo BNC Amazonas.
Conforme a polícia, o caso é sobre ocorrência de estupro de vulnerável.
Em nota oficial, a corporação afirmou que a decisão de não se manifestar partiu do próprio delegado responsável pelo inquérito, que já foi concluído e enviado à Justiça sob segredo.
Segundo a nota, a assessoria de comunicação apenas intermediou o contato e respeitou a escolha da autoridade. Conforme afirmou, cabe ao delegado decidir o que pode ou não ser divulgado, sobretudo em investigações que envolvem violência sexual contra adolescentes, resguardadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
“A condução e a responsabilidade pela investigação criminal são do delegado do caso, que possui conhecimento técnico e jurídico sobre o que pode ou não ser informado”, disse o comunicado.
Leia mais
Polícia Civil no Amazonas reforça mordaça à imprensa
Tensão com a imprensa
Apesar da negativa, a queixa de Tiradentes, que motivou a nota, soma-se a um histórico recente de atritos entre jornalistas e o setor de imprensa da polícia.
A crítica de Tiradentes e de outros jornalistas é a de que há dificuldade para entrevistas, sobretudo de delegados, porque tudo fica centralizado na assessoria, em um sistema burocratizado que só aceita pedido de informações por e-mail, ferramenta há muito substituída com eficácia pelos aplicativos de mensagens, notadamente o WhatsApp, o mais usado pelos veículos de comunicação.
Para profissionais da área, portanto, essa postura tira a velocidade que a imprensa deseja dar à veiculação das informações, hoje cada vez mais on-line, em tempo real.
Conforme relatam repórteres do dia a dia da cobertura policial, tudo ficou mais dificultado nessa relação da imprensa com a comunicação da Polícia Civil a partir de março deste ano.
Nessa data, durante operação contra o crime organizado, delegados alegaram orientação para não falar com a imprensa sem autorização prévia da assessoria, o que atrasou a divulgação de detalhes por mais de 24 horas.
O que diz a polícia
Nota de esclarecimento
A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) esclarece que não procede a informação de que teria havido qualquer impedimento à manifestação do delegado em entrevista ao referido veículo de comunicação.
Destaca-se que, ao ser questionada sobre um procedimento relacionado a crime de estupro de vulnerável, a Assessoria de Comunicação prontamente buscou contato com a autoridade responsável pelo inquérito policial que preferiu não se manifestar diante do caso está sob investigação e diligências. Ressalta-se que o referido inquérito está sob segredo de justiça, razão pela qual detalhes e informações não podem ser divulgados.
A PC-AM reforça que a investigação foi conduzida com celeridade e que inclusive já foi finalizada e enviada ao judiciário, assegurando a proteção integral da vítima, em conformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A Assessoria de Comunicação da Polícia Civil coloca-se à disposição para esclarecer eventuais questionamentos sobre crimes de competência da instituição. Entretanto, enfatiza-se que a condução e a responsabilidade pela investigação criminal são do delegado do caso, que possui conhecimento técnico e jurídico sobre o que pode ou não ser informado, especialmente em situações que envolvem violência sexual contra adolescentes, as quais têm proteção legal prevista no ECA.
Por fim, a PC-AM reforça seu compromisso de apoiar a imprensa, reconhecendo a importância fundamental da mídia na divulgação de informações de interesse público à sociedade amazonense. A instituição mantém seu compromisso com o jornalismo sério, ético e imparcial”.
Foto: divulgação/Polícia Civil