Amazônia: agente ambiental é vítima de tiro em novo caso no Amazonas

Ataque armado em reserva no médio rio Solimões reforça a escalada da violência contra fiscais ambientais

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 23/08/2025 às 17:08 | Atualizado em: 23/08/2025 às 17:08

A violência contra defensores da floresta voltou à Amazônia na noite de quarta-feira (21 de agosto). Um agente ambiental comunitário da reserva estadual de desenvolvimento sustentável de Amanã, na área do acordo de pesca Pantaleão, em Maraã, no Amazonas, foi baleado durante uma ronda de monitoramento.

Conforme o Ibama no Amazonas, testemunhas relataram que a equipe foi surpreendida por invasores que, após serem orientados a desligar o motor de embarcação, reagiram com tiros.

Um dos disparos atingiu o jovem fiscal, que foi levado às pressas para Alvarães e, depois, transferido para Tefé, na região do médio rio Solimões.

A vítima passou por cirurgia e está em estado estável na UTI.

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Ameaças ignoradas e abandono oficial

Moradores afirmam que as ameaças por parte de invasores são rotina na região, especialmente por conta da captura ilegal de pirarucu, espécie protegida e valiosa no mercado.

⁠“Estamos há muito tempo ameaçados. Ninguém aparece para nos acompanhar na fiscalização. É uma área rica em peixe e, justamente por isso, muito invadida. Sem apoio, nossa vida fica em risco”, relatou um comunitário.

O ataque revela uma falha crônica: a ausência de presença efetiva do Estado em áreas remotas, o que deixa fiscais, ribeirinhos e indígenas expostos à violência.

Histórico de sangue na defesa ambiental

O crime em Maraã se soma a uma triste lista de assassinatos e atentados contra defensores ambientais na Amazônia e no Brasil, como os de Dom Phillips e Bruno Pereira no Vale do Javari, no Amazonas, de Dorothy Stang, no Pará, e de Chico Mendes, no Acre.

Organizações socioambientais apontam que o avanço do crime organizado, aliado à pesca predatória, ao desmatamento e à grilagem de terras, eleva o risco para quem atua na linha de frente da proteção ambiental.

Cadeia do crime

O superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo, disse que acionou órgãos policiais e de proteção ambiental.

De acordo com o órgão, a violência também se sustenta pelo mercado consumidor urbano:

⁠“Esse crime só ocorre porque o pescado capturado ilegalmente é vendido nas feiras das cidades do Amazonas, inclusive em Manaus. Ao comprar peixe ilegal, a população financia a violência nas áreas de preservação".

O atentado em Maraã deixa claro que proteger a Amazônia vai muito além de discursos em conferências: exige presença contínua do Estado, segurança para as comunidades e combate real à cadeia econômica que lucra com o crime ambiental.

Foto: divulgação/Ibama