A força pujante que vem do sul do Amazonas

Por Fabiano Bó*
Publicado em: 23/08/2025 às 10:13 | Atualizado em: 23/08/2025 às 10:27
Em tempos em que o Amazonas se ergue em busca de equilíbrio entre progresso e preservação, os municípios do sul do estado emergem como protagonistas silenciosos de uma narrativa poderosa, em que o desenvolvimento socioeconômico não se dissocia da responsabilidade ambiental. Humaitá, Lábrea, Boca do Acre, Manicoré, Apuí e Canutama integram essa região marcada por vocações promissoras e desafios obstinados, projetando-se como áreas-chave para o futuro do Estado. Esses municípios se apresentam não apenas vetores de desenvolvimento, mas também desafios de planejamento, dada a complexidade territorial e socioambiental que os caracteriza.
O impacto econômico do sul do Amazonas é expressivo e crescente. Segundo os dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os municípios da região possuem um PIB total de R$ 2,886 bilhões. O valor representa cerca de 2,2% do PIB estadual de R$ 131,531 bilhões em 2021. Humaitá se destaca na agropecuária e produção de grãos. Lábrea e Boca do Acre, na criação de gado. Apuí, na produção de café e na pecuária. E Manicoré e Canutama na criação de gado. Juntos, esses municípios fortalecem cadeias produtivas que geram emprego, arrecadação e movimentam o mercado consumidor regional, tornando-se peças indispensáveis para a economia amazonense.
Ao somar forças, os municípios do sul do Amazonas ampliam significativamente o peso econômico da região dentro do estado. A agropecuária, aliada a setores emergentes como a produção agrícola diversificada e o extrativismo sustentável, vem impulsionando cadeias locais, atraindo investimentos e contribuindo para o equilíbrio econômico fora da capital. Segundo dados da Sefaz (Secretaria de Produção Rural), o rebanho bovino da região ultrapassa 1,6 milhão de cabeças, consolidando-a como a maior fronteira pecuária do Amazonas. Esse protagonismo cumpre papel vital para reduzir desigualdades regionais e evidenciar o interior como motor do desenvolvimento estadual.
“A implementação efetiva do ZEE (zoneamento ecológico-econômico) torna-se um instrumento fundamental”.
Diante dessa realidade, a implementação efetiva do ZEE (zoneamento ecológico-econômico) torna-se um instrumento fundamental. Trata-se de uma pauta que já vem sendo debatida no poder Legislativo estadual, sob a liderança da bancada governista alinhada ao Governo do Estado, e que representa um marco para ordenar o uso do território, reduzir conflitos e garantir segurança jurídica a produtores, investidores e comunidades locais.
O governador Wilson Lima reconhece a importância do ZEE e conduz essa pauta como prioridade estratégica para o Amazonas, compreendendo que o desenvolvimento do interior é essencial para a descentralização econômica do estado.
As iniciativas do Governo do Amazonas vêm reforçando esse compromisso. Entre elas destacam-se os investimentos em infraestrutura e logística, fundamentais para facilitar o escoamento da produção, o fortalecimento da regularização fundiária, condição que garante segurança às atividades produtivas, e as ações de inclusão social, política e preservação ambiental que visam dar sustentabilidade à base produtiva e oferecer alternativas dignas de desenvolvimento para as comunidades.
A conciliação entre progresso econômico e conservação ambiental é o grande desafio e, ao mesmo tempo, a grande oportunidade para o sul do Amazonas.
Com um território de vastas florestas, rios e biodiversidade, a região não pode ser apenas vista como fronteira de expansão produtiva, mas como laboratório de um modelo de desenvolvimento que une responsabilidade ambiental e prosperidade social. O zoneamento ecológico-econômico surge, portanto, como bússola capaz de orientar esse caminho, garantindo que o avanço econômico esteja alinhado com a proteção dos recursos naturais.
O sul do Amazonas é, hoje, a força transformadora do estado. Reconhecer sua força econômica, planejar seu crescimento de maneira sustentável e assegurar que os frutos desse desenvolvimento cheguem para toda a população são tarefas inadiáveis. É nesse equilíbrio entre riqueza produtiva e conservação ambiental que repousa o futuro do Amazonas e do seu povo.
Com o território que desponta, essa região pode, de fato, se consolidar em benefício de toda a sociedade.
*O autor é coronel da Polícia Militar, especialista em Política e Estratégia (Adesg), secretário de Estado Chefe da Casa Militar do Amazonas.
Foto: Antônio Costa/Fotos Públicas