Observatório acusa governos do Pará e federal de negligência na COP-30
Crise de hospedagem em Belém pode excluir países e reduzir legitimidade da conferência

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 12/08/2025 às 21:49 | Atualizado em: 12/08/2025 às 21:49
O Observatório do Clima, rede que reúne organizações ambientalistas, acusou nesta terça-feira (12 de agosto) o governo federal e o Governo do Pará de negligência na preparação da 30ª Conferência do Clima da ONU (COP-30), marcada para novembro de 2025, em Belém.
A crítica tem como foco a crise de hospedagem que ameaça afastar participantes e comprometer a legitimidade do evento, um dos mais importantes da agenda internacional contra as mudanças climáticas.
Hospedagem cara e planejamento tardio
Segundo a entidade, mesmo com dois anos e meio para planejar a infraestrutura, as autoridades lançaram apenas no início de agosto a plataforma oficial de alojamentos, ainda com preços considerados inacessíveis para muitos delegados, representantes da sociedade civil e jornalistas.
Diárias em Belém chegam a ultrapassar US$ 1.000 (cerca de R$ 5.400), cenário que já levou países africanos e de pequenas ilhas a sugerirem transferir a COP-30 para outra cidade com maior capacidade hoteleira.
Leia mais
Rota Manaus-Pacífico abre antes da COP-30, anuncia Simone Tebet
“A mais excludente da história”
O Observatório alerta que, se nada mudar, a COP-30 pode se tornar “a mais excludente da história”.
O temor é que a restrição de hospedagem reduza a participação de países mais pobres e comprometa a diversidade de vozes na conferência.
A polêmica ganhou força após declarações polêmicas, como a do presidente Lula da Silva, que ironizou a possibilidade de participantes dormirem “sob as estrelas”, e do secretário da Casa Civil do Pará, que sugeriu delegações reduzidas ou quartos compartilhados.
Belém é plano A
Apesar da pressão, o presidente da COP-30, André Corrêa do Lago, afirmou que não existe “plano B” e que Belém seguirá como sede.
O governo federal promete oferecer hospedagem “a preços justos” por meio de hotéis, navios e imóveis adaptados.
Uma reunião com representantes da ONU está marcada para 14 de agosto para tratar da crise logística e tentar minimizar o risco de exclusão de delegações.
Foto: Roni Moreira/Agência Pará