Governo federal proíbe testes de animais vivos para cosméticos
Nova legislação marca avanço ético e científico, tornando a infraestrutura da qualidade crucial para as indústrias se adequarem às exigências

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 08/08/2025 às 16:15 | Atualizado em: 08/08/2025 às 16:15
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, no último dia 30 de julho, a lei 15.183/2025, que proíbe o uso de animais vivos em testes laboratoriais para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes.
Com isso, a nova legislação coloca em evidência o papel estratégico exercido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) no avanço das políticas públicas voltadas à proteção animal e ao desenvolvimento científico.
Dessa forma, o presidente do Inmetro, Márcio André Brito, diz que o instituto é a instituição-chave na adoção, pelo Brasil, de métodos alternativos à experimentação animal. Tais métodos são reconhecidos internacionalmente, apoiando o desenvolvimento da infraestrutura da qualidade fundamental para as indústrias se adequarem às exigências legais.
Para Brito, a aprovação da nova lei representa um marco regulatório para o Brasil.
“A medida coloca o país em sintonia com uma tendência global que valoriza tanto o bem-estar animal quanto a inovação tecnológica. Com a nova lei, o Brasil integra um seleto grupo de países que modernizaram suas práticas regulatórias, incentivando a pesquisa científica responsável e sustentável”.
Métodos alternativos
A diretora de Metrologia Científica, Industrial e Tecnologia, Danielle Assafin, ressalta a importância do Inmetro para o avanço na adoção dos métodos alternativos no Brasil.
“Contribuímos diretamente para que laboratórios brasileiros ampliem sua competência técnica e ofereçam serviços com base em padrões globais. Com isso, o setor produtivo nacional torna-se mais competitivo e apto a acessar mercados internacionais com exigências crescentes em segurança, qualidade e sustentabilidade”, destaca.
Desde 2012, o Inmetro, por meio da Divisão de Metrologia em Biologia (Dibio) e da Diretoria de Metrologia Científica, Industrial e Tecnologia (Dimci), atua como um dos Laboratórios Centrais da Rede Nacional de Métodos Alternativos ao Uso de Animais de Experimentação (Renama), criada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com o objetivo de desenvolver, validar e disseminar essas metodologias junto a indústrias, laboratórios e centros de pesquisa.
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Experiência internacional
Entre 2016 e 2024, o Inmetro coordenou a Plataforma Regional de Métodos Alternativos ao Uso de Animais de Experimentação do Mercosul (Premasul), dedicada à capacitação teórico-prática em métodos alternativos.
Durante esse período, mais de 290 profissionais do Brasil, Uruguai e Argentina foram treinados, contribuindo para o fortalecimento da capacidade técnica e laboratorial na região.
Ainda, no âmbito internacional, a atuação conjunta dos setores especializados do Inmetro garante a participação do Brasil no grupo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Desse modo, a entidade discute e aprova metodologias alternativas validadas, que serão utilizados por mais de 34 países no registro de substâncias químicas — incluindo cosméticos, saneantes e outros produtos.
Compromisso com o país
“A sanção da lei que proíbe o uso de animais vivos em testes laboratoriais é a materialização de um esforço de décadas de pesquisadores, agências reguladoras e sociedade civil. Demonstra o compromisso do país com a inovação responsável e o bem-estar animal”, afirma a chefe da Divisão de Metrologia em Biologia (Dibio), Luciene Ballotin.
Segundo ela, o Inmetro continua comprometido em fornecer a base técnica e científica para que a indústria adote com confiança e segurança as metodologias alternativas, fortalecendo a competitividade e a ética no setor.
Inovação tecnológica
Por fim, Márcio André Brito, diz que, para ampliar esse compromisso, o Inmetro segue investindo no fortalecimento de sua infraestrutura laboratorial e destaca a importância de uma atuação em rede, envolvendo órgãos reguladores, instituições científicas e o setor produtivo.
“Essa articulação é essencial para que o país esteja preparado para responder aos avanços tecnológicos e à modernização regulatória, sempre com base em evidências científicas, inovação responsável e respeito à vida”, concluiu.
Foto: divulgação