Ato pifado de Bolsonaro na Paulista é mais do mesmo e suaviza STF
Bolsonaro não é mais nem arremedo daquele arrogante e agressivo que inflamava os "patriotas".

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 29/06/2025 às 19:00 | Atualizado em: 29/06/2025 às 19:00
Um ato político de apoio a Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista neste domingo, 29 de junho, reuniu cerca de 12,4 mil pessoas, segundo monitoramento da USP e da ONG More in Common.
Intitulado “Justiça já”, o evento foi organizado pelo pastor Silas Malafaia e teve como foco principal críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao processo em que Bolsonaro se tornou réu, acusado de tentativa de golpe de 2022.
Estiveram presentes os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Cláudio Castro (PL-RJ) e Jorginho Mello (PL-SC), além do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que voltou a condicionar apoio ao pai a um possível indulto e disse que a campanha de 2026 poderia “incluir até o uso da força” se o STF não recuar.
Tarcísio de Freitas discursou em tom eleitoral, criticando a política econômica do governo Lula, o “governo gastador”, os “juros altos” e apelou ao público com um grito de “Fora, PT” e promessa de “dar uma resposta no ano que vem”.
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Virada no discurso
Enquanto o evento se configurou como pressão ao STF, Bolsonaro e seus aliados suavizaram ataques mais severos.
Bolsonaro evitou críticas diretas aos ministros, especialmente Alexandre de Moraes, mas atacou o inquérito da “trama golpista” no Supremo e insistiu na narrativa de perseguição política, afirmando que o objetivo não seria prendê-lo, mas “eliminá-lo” .
No palco, reforçou a estratégia de fortalecimento do Congresso: “Elejam 50% da Câmara e do Senado”, disse, argumentando que “nem precisa ser presidente” se o Legislativo estiver alinhado com seu campo político.
Público menor, agenda cansada
O ato deste domingo teve público menor do que manifestações anteriores.
Em abril, quando Bolsonaro virou réu no STF, cerca de 44,9 mil pessoas compareceram à Paulista. Logo, mais que o triplo dos presentes neste domingo.
O próprio deputado Lindbergh Farias (PT) chamou a mobilização de “fiasco”, afirmando que o evento foi “esvaziado” e marcado por “ataques ao STF” e “defesa de golpistas”.
Impacto político
A mobilização foi amplamente noticiada como uma tentativa de “testar a fidelidade” de aliados e medir a capacidade de engajamento da base bolsonarista, mesmo com a iminência do julgamento da “trama golpista” no STF.
Observadores também ressaltam que o marketing do ato foi mais contido.
O governador de São Paulo, por exemplo, evitou mencionar o STF diretamente, buscando uma imagem de “moderação” ao pedir “justiça” e pacificação, sem pleitear explicitamente anistia ou indulto no discurso.
Freitas, que deve embarcar em breve para Lisboa para participar do “Gilmarpalooza”, como está sendo chamado por bolsonaristas o evento promovido pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, em meio a críticas que tenta se manter equidistante, embora reforce lealdade a Bolsonaro .
O embate com o STF segue como prioridade na agenda bolsonarista, que mira a eleição parlamentar de 2026 como caminho para influenciar processos judiciais e proteger o ex-presidente.
Mas, a queda no engajamento popular pode representar um sinal de alerta sobre o alcance real dessa estratégia.
Foto: reprodução/vídeo