Manaus tem ilhas de calor com até 10 °C mais quentes do que na floresta
Os dados são de um levantamento do InfoAmazonia feito em Manaus e Belém, cidades com os piores índices de arborização

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 22/06/2025 às 09:30 | Atualizado em: 22/06/2025 às 09:30
Mais de 85% dos moradores de Manaus convivem em bairros com uma temperatura média 3ºC mais quentes do que nas áreas de florestas próximas da cidade. Outros 16% vivem em locais que a diferença é de 5ºC. O pior: em dezenas de pontos da capital a discrepância bate nos 10Cº.
Os dados são de um estudo exclusivo feito pelo InfoAmazonia que analisou mapas de calor em Manaus e Belém gerados a partir de dados do satélite Landsat 8, acessados por meio do portal do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).
Para fazer a comparação, os pesquisadores usaram como referência a temperatura na Reserva Florestal Adolfo Ducke, uma área de floresta primária de 100 km², localizada próxima à capital e de propriedade do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Em Belém, dezenas de pontos na cidade também chegam a apresentar diferença de 10ºC em relação a outra floresta pesquisada: Área de Proteção Ambiental do Arquipélago do Combu, próximo à cidade.
A temperatura média na capital paraense, que receberá a COP30, é de 2,6ºC mais alta do que na floresta. 17,1% da superfície de Belém, a temperatura média é ao menos 5°C superior à da área protegida.
Essa situação não é para menos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as duas cidades estão na lista das dez no Brasil com os piores índices de arborização.
Em Manaus, 41,7% da superfície possui cobertura vegetal; em Belém, esse índice é de 39,6%.
Ilhas de calor
De acordo com o estudo, as ilhas de calor se formam por uma combinação de superfícies de concreto e asfalto que absorvem calor ao longo do dia, emitindo por horas mesmo após o pôr do sol.
“O trânsito intenso e os sistemas de ar-condicionado dos prédios também contribuem, liberando ainda mais calor. Ruas estreitas e edifícios altos dificultam a circulação do ar, aprisionando a quentura nas áreas urbanas”, diz nota do Instituto.
A poluição atmosférica gerada nas cidades também intensifica o problema, criando um efeito estufa local que impede o escape do ar quente.
“O que é mais sentido pela falta de arborização num centro urbano são as temperaturas elevadas”, confirma ao InfoAmazonia Yêda Arruda, diretora do grupo de pesquisa Árvores do Asfalto, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
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Foto: João Viana/Semcom