Bancada do Amazonas tenta barrar novas zonas francas no país

Deputados amazonenses articulam rejeição a projetos de novas zonas francas para proteger modelo de Manaus.

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 16/06/2025 às 19:13 | Atualizado em: 17/06/2025 às 04:52

Os membros da bancada do Amazonas, que fazem parte da Comissão de Fiscalização e Controle (CFT), estão mobilizados para barrar, nesta terça-feira (17/6), cinco projetos de leis de criação de zonas francas em diversas regiões do país.

Fazem parte da CFT os deputados Adail Filho (Republicanos-AM), Atila Lins (PSD-AM), Fausto Santos Jr (União-AM), Pauderney Avelino (União-AM) e Sidney Leite (PSD-AM).

Dessa forma, a comissão vai analisar os projetos de leis que criam a Zona Franca do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais (PL 2.841/2022), do deputado Gilberto Abramo. O que cria a ZF do Bico do Papagaio, em Praia Norte, em Tocantins (PL 1.017/2023), do deputado Ricardo Ayres.

Além disso, tem também o PL 759/2015, de André Fufuca, – que “dispõe sobre a criação de Zona Franca no Município de Rosário, Estado do Maranhão”.

Já os projetos de leis 3.418/2015 e 1.094/2019, dos deputados Giacobo e Nishimori, trata da criação da Zona Franca de Foz do Iguaçu, no Paraná.

No entanto, o relator desses cinco projetos é o deputado do Amazonas, Sindey Leite. E, antemão, emitiu pareceres pela incompatibilidade e inadequação financeira e orçamentária de todos os projetos.

Projetos caducos

Ao BNC, o relator explicou que esses projetos são anteriores à aprovação da reforma tributária. Por isso, tornaram-se inconstitucionais. “Boa parte desses PLs que foram apresentados criando zona franca, eles são anteriores à aprovação da PEC, da reforma tributária, que mudou esse rito. Então, acaba que fica um PL que ele é inconstitucional”.

PEC veda novos incentivos fiscais

Outro ponto que Sidney destaca é a criação novos incentivos fiscais. A reforma, explica, veda novos gastos tributários. “Com o rito da linha de corte do que foi dado maio de 2023, quando da a votação da PEC, a outra questão é que a PEC que nós aprovamos, tirando a questão do rito da criação, ela veda novos incentivos fiscais”.

Para Sidney esses argumentos vão ajudar, sem dificuldades, a barrar o nascimento de novas zonas francas.

“Isso quer dizer que não tem como a CFT aprovar essas matérias porque já demonstram serem incompatíveis com o orçamento da União. Acredito que vamos derrubar todas as propostas”, disse o deputado Pauderney Avelino.

Zona de Processamento de Exportação

Ainda, na pauta da CFT, consta o projeto de lei 4.737/2009, do ex-senador Valdir Raupp, o qual cria a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) no município de Vilhena, no estado de Rondônia.

O relator é o deputado Kim Kataguiri (União-SP) cujo parecer é também pela inadequação financeira e orçamentária.

Estratégias

De acordo com o deputado Adail Filho, a bancada do Amazonas, principalmente os membros da Comissão de Fiscalização e Controle (CFT) estará mobilizada para impedir a aprovação dos cinco projetos de leis que criam zonas francas em diversas regiões do país.

E a primeira estratégia para neutralizar essas propostas, segundo ele, está nos pareceres do relator dos cinco projetos [Sidney Leite], pela incompatibilidade e inadequação financeira e orçamentária das propostas. Com isso, a Comissão de Fiscalização e Controle não tem como prosseguir com a tramitação das proposições.

“O mercado não comporta dois modelos idênticos. Por isso, concluímos que a criação de novas zonas francas, pelo Brasil afora, certamente causarão prejuízos enormes à Zona Franca de Manaus. Daí o nosso empenho em barrar esses projetos na CFT, nas demais comissões e até no plenário da Câmara dos Deputados. É nosso compromisso preservar esse modelo de desenvolvimento econômico e social, que gera emprego e renda aos amazonenses. Ainda tem papel importante na preservação ambiental da Amazônia, declarou Adail Filho.

Fazendo coro com os colegas de bancada, o deputado Átila Lins confirmou que se fará presente à reunião desta terça-feira, na CFT, do mesmo modo que estará empenhado em derrubar os projetos como forma de defender a Zona Franca de Manaus.

Cieam apoia pareceres

O Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam) reiterou que os pareceres pela inadequação financeira e orçamentária rejeitam as propostas de criação no seu mérito.

“Nesse sentido, apoiamos a aprovação dos pareceres pela rejeição da criação dessas novas zonas francas. Destacamos também ser importante a mobilização da bancada do Amazonas no sentido de impedir o avanço dessas propostas”, disse Saleh Hamdeh, do Cieam em Brasília.

Impactos

Sobre os impactos de novas zonas francas, o Centro das Indústrias do Amazonas diz saber das dificuldades para o desenvolvimento socioeconômico da população de outras regiões carentes Brasil afora, mas rejeita a criação de modelo idêntico para contrapor tais dificuldades.

Leia mais

Bancada do Amazonas ‘vacila’, projeto da ZFDF passa em comissão da Câmara

“Não se desenvolve uma região, tirando desenvolvimento de outras também carentes e a Zona Franca de Manaus tem buscado fortalecer a economia da região Norte, inclusive com reflexos diretos aos estados vizinhos, e o seu esvaziamento, enfraquece a região no todo”, concluir Saleh Hamdeh.

Foto: André Pessoa/página22

Tags