Garantido e Caprichoso pedem bênção de Nossa Senhora do Carmo
A fé é um dos poucos momentos cordiais que antecedem à rivalidade no bumbódromo

Juliana Oliveira, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 16/06/2025 às 19:03 | Atualizado em: 16/06/2025 às 19:43
A catedral de Nossa Senhora do Carmo — maior templo católico do médio rio Amazonas e patrimônio cultural — recebeu azuis e vermelhos neste 16 de junho.
A padroeira de Parintins é conhecida como a “Mãe da Esperança”.
Ao meio-dia desta segunda-feira, reunidos pela fé, artistas e devotos da santa pediram por sua misericórdia e esperança para vencer o Festival Folclórico de Parintins.

O sagrado e o profano
Na porta da catedral, abaixo de “porta santa”, estavam o boi negro do Caprichoso (lado esquerdo) e o boi branco do Garantido (lado direito), com os quais as pessoas tiravam fotos.
As dez fileiras da frente, com cartazes em folha A4, a partir dos nomes dos bois-bumbás, sinalizavam para os devotos em qual lado da igreja se sentar. Azuis sentavam-se do lado esquerdo, vermelhos, do direito.
Iniciada a prece em prol dos falecidos recentemente, a entrada dos coroinhas foi acompanhada pelas porta-estandartes Jeveny Mendonça (Garantido) e Marcela Marialva (Caprichoso).

Atrás dos coroinhas e das porta-estandartes, os artistas do boi enfileirados caminharam em direção à imagem de Nossa Senhora do Carmo. O pároco saudou os artistas dos bois que, segundo ele, “pedem a bênção” para mais um festival.
Após alguns louvores, o sermão bíblico girou em torno do livro de Mateus (5:38-39), no Novo Testamento:
“Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente’. Mas, eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra”.

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As preces à Nossa Senhora do Carmo foram certeiras:
“Abençoai o boi-bumbá Caprichoso, a diretoria, que os dons da arte criados por Deus possam frutificar cada vez mais…”.
“Sagrai com as graças o boi-bumbá Garantido, toda a sua diretoria, itens, brincantes e torcedores…”.
Feitas as preces, os brincantes, torcedores e artistas dos dois bois ofereceram doações de alimentos não perecíveis à igreja, em filas, de tal modo que bacias ficaram repletas de sacolas plásticas com comida no altar.

Ao final, azuis e vermelhos comungaram do Corpo de Cristo e se saudaram amistosamente.
A fé na esperança de Nossa Senhora do Carmo é um dos poucos momentos cordiais que antecedem à rivalidade autorizada no bumbódromo entre os bois-bumbás.
Fotos: Juliana Oliveira/especial para o BNC Amazonas