Testemunha confirma: Torres mandou PRF parar eleitores em 2022
Ex-diretor da Polícia Rodoviária confirma ordem do ex-ministro de Bolsonaro.

Adrissia Pinheiro
Publicado em: 27/05/2025 às 17:17 | Atualizado em: 27/05/2025 às 17:21
Durante depoimento ao STF nesta terça-feira (27), o ex-diretor de operações da PRF, Djairlon Henrique Moura, confirmou que o Ministério da Justiça, sob comando de Anderson Torres, ordenou a realização de blitz em ônibus com destino ao Nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022.
Segundo ele, a fiscalização visava detectar transporte irregular de eleitores e dinheiro em veículos vindos de São Paulo e do Centro-Oeste. Moura negou motivação política e afirmou que a operação era baseada em investigações da Polícia Federal.
Mais de 2 mil ônibus foram parados no Nordeste entre os dias 28 e 30 de outubro, segundo dados do Ministério da Justiça. No mesmo período, outras regiões tiveram números bem menores de abordagens.
Na noite anterior à votação, o então presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, determinou a suspensão das blitz. Ainda assim, a fiscalização seguiu no dia da eleição, especialmente no Nordeste, onde Lula tinha vantagem nas pesquisas.
Questionado por Moraes sobre o descumprimento da ordem, Djairlon respondeu: “Essa operação estava programada e planejada bem antes da decisão de Vossa Excelência”.
Ele afirmou que a corporação entendeu que a proibição se referia apenas ao transporte irregular de eleitores, e não às infrações do Código de Trânsito.
Ele também mencionou um parecer da Advocacia-Geral da União que, segundo ele, respaldava a continuidade das fiscalizações.
O depoimento faz parte da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado em que Bolsonaro e outros sete aliados são réus. Entre os crimes imputados estão abolição violenta do Estado de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. A pena total pode chegar a 43 anos de prisão.
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Foto: Wilson Dias/Agência Brasil