Ibama diz que influenciadores lucram com exibição de animais silvestres

"Quando algum desses influenciadores que tem animal silvestres faz sucesso, a gente até vê a alegria dos traficantes", diz servidor.

Ibama diz que influenciadores lucram com exibição de animais silvestres

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 27/05/2025 às 07:23 | Atualizado em: 27/05/2025 às 07:23

Enquanto o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) faz a apreensão de animais silvestres que são exibidos por influenciadores, centenas de comentários negativos são divulgados nas redes sociais contra o instituto.

Um dos casos que repercutiu em 2023 foi do influenciador digital Agenor Tupinambá (25 anos), que ganhou atenção do país, quando o Ibama apreendeu uma capivara criada por ele como pet, a Filó.

Segundo reportagem da BBB News Brasil, a apreensão aconteceu à época porque, segundo o instituto, o animal estaria sendo exibido indevidamente nas redes sociais e criado em condições inadequadas.

Dessa forma, para o Ibama, ele “adquiriu seguidores expondo sistematicamente a fauna silvestre em seus perfis de forma irregular, sem licença ambiental para a atividade.”

“Nunca ganhei nada em cima dela, do que eu postava com ela. Depois, meses depois que tudo aconteceu, foi aí que comecei a trabalhar com a internet”, disse.

Nesse sentido, segundo um servidor do Ibama, o desfecho do caso da capivara Filó virou uma “mensagem equivocada” para o a sociedade e com repercussão até hoje nas redes sociais.

Como resultado, a cada nova apreensão de animal silvestre divulgada nas redes são centenas de comentários negativos recebidos.

Então, são situações que envolvem, em geral, outros influenciadores digitais, que divulgam imagens de animais criados como pets, de forma considerada inadequada pelas autoridades.

Dessa maneira, conforme a instituição, muitos lucram com essa exposição indevida.

Ainda de acordo com a BBC News Brasil, ao menos 175 autos de infração do Ibama que citam nomes de redes sociais na descrição da multa e a exploração da imagem de animais silvestres. Metade foi lavrada nos últimos cinco anos.

Assim, um dispositivo legal de 2008 respalda as ações do órgão: segundo o decreto, é infração ambiental “explorar ou fazer uso comercial de imagem de animal silvestre mantido irregularmente em cativeiro ou em situação de abuso ou maus-tratos”, o que pode levar a multas de até R$ 500 mil.

Portanto, para Bruno Campos Ramos, agente ambiental federal e chefe-substituto do Núcleo de Fiscalização da Fauna da Diretoria de Proteção Ambiental do Ibama, as redes sociais se tornaram uma nova fonte de lucro para fomentar o tráfico de animais.

“Quando algum desses influenciadores que tem animal silvestres faz sucesso, a gente até vê a alegria dos traficantes. É como se um artista estivesse divulgando um tênis, um carro. As pessoas assistem e querem ter um também”, diz.

“A maior lição que eu tive sobre animal silvestre, eu acho que mesmo sendo legalizado, não é legal. Porque incentiva e causa morte e muita dor no meio desses animais”, disse.

Ramos, do Ibama, avalia que há uma incompreensão da sociedade sobre a ação do instituto.

“Recebemos uma crítica muito exacerbada. As pessoas acham que entendem do assunto. Esses não são animais para serem criados como pet.”

Leia a reportagem completa sobre outros casos em BBC News Brasil.

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Foto: reprodução