Odenildo Sena é saudado como ás do conto amazonense
O novo livro de Odenildo chega ao público depois de cinco anos entre a primeira e a última crônicas tecidas de sentimentos pessoais, familiares e coletivos

Wilson Nogueira, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 19/05/2025 às 10:28 | Atualizado em: 19/05/2025 às 10:28
O escritor Odenildo Sena, autor de “Memórias de menino” (Valer), lançado neste dia 17 de maio, sábado, na Valer Teatro, foi recepcionado como contista e memorialista de destaque na literatura amazonense e brasileira.
O novo livro de Odenildo chega ao público depois de cinco anos entre a primeira (“O dia do internato”) e a última (“O menino que desconfiava do Papai Noel”) crônicas tecidas de sentimentos pessoais, familiares e coletivos.
Essa “demora”, segundo o próprio autor, decorre da sua necessidade de “abandonar” o texto para que outras vozes sejam escutadas até que a jornada do escritor recomece.
“Tenho uma relação de amor e conflito com a escrita. O texto tem vida própria e, às vezes, quando ele se invoca com a gente, fica de mal. Já aprendi a conviver de certa forma com isso. Faço de conta que ele não está perto de mim. Eu o abandono e, às vezes, no dia seguinte ou em outro dia, a gente se dá bem”.
“Memórias de menino”, relembra, surgiu, inicialmente, de uma crônica sobre quando a sua a mãe foi interná-lo no estabelecimento educacional Montessoriano, um momento doloroso e reflexivo para ambos.
Odenildo revelou que a primeira crônica ultrapassou o padrão clássico gênero e, por isso, o colocou de molho. Depois de algum tempo, o reencontrou e percebeu que ele poderia ganhar vida de livro com outros momentos da sua infância passada no bairro de São Raimundo, na zona oeste de Manaus.
“É por isso que digo que esse livro surgiu por acaso”.
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Diálogo com os clássicos
Para o escritor e ensaísta Tenório Telles, Odenildo dialoga com autores da literatura mundial e nacional, principalmente porque contextualiza, no espaço e no tempo, temas que marcaram, marcam e continuarão marcando os aspectos mais significativos da condição humana: amor, família, alteridade, memória etc.
Citou autores como interlocutores de Odenildo, entre outros, Johann W. von Goethe (“Sofrimentos do jovem Werther”) e José Lins do Rego (“Menino de engenho”).
Tenório disse entender que Odenildo compartilha com os leitores brasileiros uma história de superação de desafios que são, também, inerentes às pessoas que procuram beleza na vida, mesmo sabendo que ela é feita de medos e ameaças.
Na leitura de Tenório, “Memórias de menino” é uma ode àquela que jamais abandonas os seus, ainda que a adversidade lhe faça companhia: mãe, que, para o escritor, dispensa, inclusive, o artigo definidor.
A coordenadora editorial da Valer, filósofa Neiza Teixeira, ressalta, na contracapa da obra, que se trata de um livro precioso “porque, carregado de amor retrata uma criança feliz e inteligente e narra uma bela história do seu querido bairro de São Raimundo”.
Afetos familiares
O prefaciador da obra, Alisson Leão, afirma:
“Trata-se de crônicas que, como tais, guardam autonomia e estatuto próprio, individualmente. Mas, ao mesmo tempo, na leitura do conjunto, o leitor se sente imerso em um universo em que os afetos familiares e espaciais dão a sensação de sequência de certo modo cumulativa, na qual personagem e narrador vão revelando camadas a cada novo passo”.
Sinfonia do céu
O sociólogo Lúcio Carril assegura, na orelha, que “Memória de menino” lhe fez voltar no tempo e as lágrimas o acompanharam nas boas lembranças da infância. “Não temos do que reclamar”.
E pontua:
“Ainda ouço aqueles três primeiros pingos de água de chuva no telhado de zinco e a correria da garotada para tomar banho de chuva ou para se enrolar na rede esperando a sinfonia que vinha do céu”.
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Perfil do autor
Odenildo Sena é professor aposentado da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), ex-secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação e, atualmente, mora em Leça da Palmeira, norte de Portugal.
Obras
É autor dos seguintes livros de prosa:
“Memórias de menino”
“O último biribá”
“A felicidade precisa de loucura”
Na internet
Dedica-se, por meio das redes sociais digitais, à escrita e a promover a difusão da prosa e da poesia. Assim, mantém-se em contato permanente com amigo(a)s e ex-aluno(a)s “deste lado do Atlântico” e ampliou o rol de admiradores mundo afora.
Foto: Wilson Nogueira/especial para o BNC Amazonas