PF pede mais 60 dias para apurar esquema das sentenças no STJ
PF amplia investigações sobre venda de sentenças envolvendo ministros do STJ.

Diamantino Junior
Publicado em: 10/05/2025 às 15:07 | Atualizado em: 10/05/2025 às 15:07
A Polícia Federal (PF) solicitou ao ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a prorrogação por mais 60 dias das investigações que apuram um suposto esquema de venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A corporação argumenta que o caso, anteriormente tratado como episódios isolados de compartilhamento de minutas de decisões judiciais, revelou-se muito mais complexo e estruturado do que se pensava inicialmente.
Os indícios coletados por meio de análise financeira indicam a existência de um esquema sofisticado, com ramificações que incluem lobistas, advogados, empresários do agronegócio, ex-servidores e até desembargadores do Mato Grosso.
O inquérito corre em sigilo e envolve ao menos quatro gabinetes de ministros do STJ: Isabel Gallotti, Og Fernandes, Nancy Andrighi e Paulo Moura Ribeiro, este último citado diretamente nas apurações.
A situação gerou constrangimento entre os membros da Corte, especialmente após as operações de busca e apreensão e os relatórios de inteligência financeira que apontaram movimentações suspeitas.
O pivô do escândalo é o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, que está preso na penitenciária federal de Brasília.
Sua esposa, a advogada Mirian Ribeiro, cumpre prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
Um dos elementos mais intrigantes do caso é o fato de um motorista ligado ao lobista, João Batista Silva, ter recebido mais de R$ 2,6 milhões entre 2019 e 2023, mesmo sendo beneficiário do auxílio emergencial durante a pandemia.
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A PF também requisitou a prorrogação das medidas cautelares impostas por Zanin aos investigados.
Até o momento, três ministros do STF já votaram contra a transferência de Andreson para prisão domiciliar, reforçando o entendimento de sua atuação central no suposto comércio de decisões judiciais.
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Foto: Gustavo Lima/STJ