Morre Raimundinho Dutra, mais importante compositor da história do Caprichoso

Nascido em 1930, aos 14 anos de idade, ele compôs a primeira toada, já revolucionária

Morre Raimundinho Dutra, mais importante compositor da história do Caprichoso

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 05/05/2025 às 06:58 | Atualizado em: 05/05/2025 às 10:51

Morreu em Manaus, no fim da noite de ontem, domingo, aos 94 de idade, o compositor do Caprichoso Raimundo Nonato de Jesus Dutra.

Raimundinho Dutra, como era conhecido, foi, sem dúvida, o mais importante compositor da história do bumbá. Por décadas, ele foi amo de seu bumbá.

Nascido em 1930, aos 14 anos de idade, ele compôs a primeira toada, já revolucionária. “Balanceou, Balanceou, quero ver balancear”, sua primeira música ditaria a tendência para onde as toadas seguiram hoje.

Seu último trabalho, Parintins Caprichoso, foi composta em 2003, declarando sua paixão por Parintins por seu Caprichoso.

Reinado de 50 anos

Raimundo Dutra reinou absoluto a praticamente solitário como compositor do Caprichoso. Foram quase meio século de compossições.

Por exemplo, é dele a toada “Areia branca”

Atravei baía

Pra brincar na areia branca

As morenas estão dizendo

Boi Caprichoso é galante

A orelha dele é cravada, de ouro, prata e brilhante.

Também marcante foi a toada “Meu cântico de guerra”

Alô quem ouvir minha voz, sabe quem sou
Cheguei para brincar
Alô quem ouvir minha voz, sabe quem sou
Cheguei para brincar

Preparei meu exército tribal
Preparei minha cavalaria
Meu navio de guerra apontou
Meu navio de guerra ancorou

Cheguei para brincar
Cheguei para competir
Esse ano eu não perco a parada
Não deixo por nada
E nem deixo cair

Esse ano eu não perco a parada
Não deixo por nada
E nem deixo cair

Quem quiser ver, vem
Quem quiser vem ver
Quem quiser ver, vem
Quem quiser vem ver

Transição para nova geração

Raimundo Dutra foi tão logevo como compositor do Caprichoso que o bumbá teve dificuldade de fazer a transição para seus sucessores. Mas foi ele quem inspirou José Carlos Portilho (Periquito) e Carlos Magno (Pato), precursores da geração que ainda se mantêm em atividade no bumbá.

Velório

Raimundinho Dutra estava em casa, quando morreu.

Seu corpo será velada na casa onde viveu em Manaus, desde janeiro de 1985. Assim sendo o Valério será na avenida Rogério Magalhães, 77, núcleo 14, Cidade Nova 2.

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Fotos: divulgação