O jogo de palavras de Wilson Lima, Omar Aziz e David Almeida
Em uma semana, eles alimentaram a cena político-eleitoral com palavras ambíguas, enigmáticas, lacônicas e que, juntas, criam uma linguagem instigante

Neuton Corrêa, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 02/05/2025 às 06:31 | Atualizado em: 02/05/2025 às 06:31
A dezoito meses das eleições de 2026, o jogo de palavras é o que inaugura a sucessão mais longa da história eleitoral do Amazonas.
Nesse jogo, estão peças importantes das eleições. Por exemplo, o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), o senador Omar Aziz (PSD) e o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante).
Em uma semana, os três alimentaram a cena político-eleitoral com palavras ambíguas, enigmáticas, lacônicas e que, juntas, criam uma linguagem instigante.
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Lima ambíguo
No último dia 25 de abril, uma sexta-feira, o governador soltou uma frase que não se encerra em si: “Vou levar o mandato até o fim”.
De pronto, esse fim poderia ser interpretado como: “vou cumprir todo o meu mandato”. Dessa forma, alguém pode interpretar que ele afirmou que será governador até 31 de dezembro de 2026.
Mas, dizer isso claramente é antecipar um jogo eleitoral que só terá todos times e candidaturas definidas em julho de 2026, após as convenções partidárias.
Caso Lima cumpra seu mandato até o fim, o vice-governador Tadeu de Souza (Avante), aliado maior do prefeito, não será governador titular de jeito nenhum.
Também significaria dizer que, sem Souza governador, o grupo de Almeida, que hoje tem a forte presença dos senadores Omar Aziz e Eduardo Braga (MDB), pode não ter o gigantismo que espera nas eleições que se avizinham.
Em síntese, pode-se então dizer que que Lima decidiu se sacrificar a ficar sem mandato para fortalecer alguém?
Se a resposta a isso for um sim, quem seria o nome a ser fortalecido?
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Almeida enigmático
Abordado no dia 28 de abril, uma segunda-feira, acerca de não ter feito uma fala mais clara de apoio à recém-lançada pré-candidatura ao Governo do Amazonas do senador Aziz, Almeida respondeu:
“Não disse, mas haverá sinais”.
Dessa forma, o prefeito mantém acesas duas fogueiras que, estrategicamente, são importantes para ele que continuem ardendo. São elas:
- Ele aparece bem em pesquisas de intenção de votos a governador, já demonstrou a seu grupo o desejo de voltar à cadeira que sentou interinamente por cinco meses, em 2017, quando substituiu José Melo, cassado pelo TSE.
- Não perder o apoio de Aziz e, ao mesmo tempo, deixar transparecer para seu eleitor que ainda não saiu da corrida.
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Aziz lacônico
O último jogo de palavras saiu no 30 de abril. Questionado se sua aliança com o prefeito de Manaus implica em aceitar a filha Ariel Almeida como candidata a vice-governadora de sua chapa.
O senador respondeu assim:
“Que eu saiba, ela é uma mãe, cristã, uma pessoa do bem”.
E complementou a resposta dizendo que essa escolha seria uma definição prematura.
Com isso, Aziz não sentenciou nada sobre Ariel, mas não fecha a porta para uma eventual composição com o prefeito.
Portanto, não fechar questão pode levar à imaginação, à interpretação, de que Almeida não é plano único do senador.
Ademais, admitir isso seria frustrar, cedo, aliados que querem também ser vice.
Nesse caso, estão ex-prefeitos que saíram bem avaliados de seus cargos. É o caso de Beto D’Angelo, de Manacapuru, e Frank Bi Garcia, de Parintins.
O deputado federal Saullo Vianna (União Brasil) é outro político que está na órbita do senador. É tido como um aliado disciplinado.
Diante de tudo isso, nesse jogo, não basta apenas ler o dito. O não dito das entrelinhas talvez possa dizer mais.
Foto: reprodução/redes sociais