Perito forense recomenda inspeção na ponte Rio Negro em Manaus
Allan Reis recomenda inspeção especial na ponte Rio Negro, em Manaus, mesmo sem risco de desabamento, conforme normas da ABNT.

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 30/04/2025 às 18:34 | Atualizado em: 30/04/2025 às 18:37
A polêmica envolvendo a ponte Jornalista Phelippe Daou ou Rio Negro, em Manaus, parece não ter fim.
Após o alarme falso de denúncia sobre possível desabamento, recuo do Ministério Público e garantias do Governo do Estado de que a ponte é totalmente segura, agora, um engenheiro civil e perito forense vem recomendar inspeção especial.
“Embora não exista o risco de desabamento da ponte sobre o Rio Negro (Jornalista Phelippe Daou), segundo a ABNT NBR 9452/2019, a norma brasileira de regulamentações, é aconselhável que sejam realizadas inspeções anuais, além de inspeções mais detalhadas a cada cinco ou oito anos, as quais devem ser conduzidas por um engenheiro especialista”, afirma o engenheiro civil, perito judicial e presidente da Academia de Perícias Técnicas (Apetec), Allan Almeida dos Reis.

Reis lembra que a autorização para o tráfego de veículos na ponte foi concedida em 2011, ou seja, há 14 anos.
Portanto, torna-se imprescindível que o Governo do Estado desenvolva um planejamento para a execução de uma inspeção especial, que deve ser realizada a cada cinco ou oito anos, com o objetivo de elaborar um diagnóstico e prognóstico da estrutura da ponte, ressalta, o perito.
A ponte jornalista Phelippe Daou é uma estrutura que cruza o rio Negro, localizada em Manaus, no Amazonas.
Essa ponte estabelece a ligação entre os municípios de Manaus e Iranduba, integrando-se à rodovia Manoel Urbano.
Atualmente, caracteriza-se como a maior ponte estaiada do Brasil, com uma extensão de 3,6 quilômetros sobre o mais extenso rio de água negra do planeta.
Sua abertura para a circulação de veículos ocorreu em 2011 e recebeu a denominação de ponte Rio Negro na ocasião da inauguração. Em 2017, passou a ser denominada em homenagem ao jornalista e empresário brasileiro Phelippe Daou, um dos idealizadores da Rede Amazônica.
O custo total da construção foi estimado em R$ 1,099 bilhão, sendo R$ 586 milhões provenientes de financiamento do BNDES e R$ 513 milhões alocados pelo Governo do Estado do Amazonas.
Alarme falso
O engenheiro e perito forense lembra ainda que, recentemente (28/4), o Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) divulgou uma informação, a qual posteriormente foi retificada, acerca do suposto risco de desabamento da ponte.
A informação foi igualmente refutada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedurb), a qual conduziu uma vistoria técnica que indicou que a ponte não apresenta risco de desabamento.
Ponte do Careiro Castanho
Para embasar sua tese, sobre a necessidade de inspeção regular nas pontes do Amazonas, Allan Reis citou o caso das pontes da BR-319, no município do Careiro Castanho, que desabaram em 2022.
Desse modo, o perito teria alertado os técnicos e autoridades do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) que as pontes necessitavam de manutenção e o órgão negava tal necessidade porque já haviam feito inspeção.
“Resultado, as pontes caíram e até hoje não foram entregues. Isso mostra que se não fizer acompanhamento, manutenção preventiva lá na frente a população pode ser penalizada, com risco de colapso e até perda de vidas”, argumentou.
ABNT e as pontes
Para embasar a nota técnica, o perito Allan Reis diz que a Norma Brasileira Regulamentadora – ABNT NBR n. 9452:2019 – trata sobre a inspeção de pontes, viadutos e passarelas de concreto, estabelecendo os procedimentos e requisitos necessários para a realização dessas avaliações.
“Tal norma é essencial para assegurar a segurança e a longevidade dessas estruturas, que desempenham um papel crucial na infraestrutura rodoviária e ferroviária brasileira”, completa o presidente da Apetec.
Dessa forma, a ABNT NBR recomenda diversos tipos de inspeções, incluindo a inspeção cadastral, a inspeção rotineira, a inspeção especial e, por fim, a inspeção extraordinária.
Inspeção especial
Ainda, segundo o especialista, a inspeção especial ocorre a cada cinco anos, podendo ser prorrogada para um período de oito anos, caso seja viável a avaliação plena de todos os elementos durante as inspeções rotineiras.
“A autorização para o tráfego de veículos na ponte Rio Negro foi concedida em 2011, ou seja, há 14 anos. Portanto, torna-se imprescindível que o Governo do Estado desenvolva um planejamento para a execução de uma inspeção especial, que deve ser realizada a cada cinco ou oito anos, com o objetivo de elaborar um diagnóstico e prognóstico da estrutura da ponte”, aconselha, por fim, o engenheiro civil e perito forense Allan Reis.
Foto: Ronaldo Siqueira/Especial para o BNC AMAZONAS