Operação da PF e CGU revela esquema bilionário com mineração ilegal

Dono de um império do ramo tem fortes ligações políticas.

Adrissia Pinheiro

Publicado em: 24/04/2025 às 11:41 | Atualizado em: 24/04/2025 às 11:41

A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) desmantelaram um esquema bilionário de mineração ilegal na Serra do Curral, área protegida ao sul de Belo Horizonte. No fim de março, os agentes cumpriram mandados e bloquearam R$ 832 milhões em bens. O valor corresponde ao prejuízo causado por um plano de fachada.

O suposto esquema utilizava um plano de recuperação ambiental (PRAD) para continuar extraindo minério mesmo com a prática proibida desde 1990.

Segundo a PF, a Empabra explorava a área legalmente até o tombamento. Em 2008, firmou o PRAD para retirar minério estocado, mas usou o acordo para maquiar extrações ilegais.

O esquema ganhou força a partir de 2014, quando novos investidores, incluindo Lucas Kallas, passaram a atuar no negócio.

Depoimentos apontam que os novos sócios pressionaram por retirada acima do permitido. Consequentemente, laudos periciais confirmam que a exploração aumentou nesse período.

Além disso, investigações indicam que empresários pagaram propina a servidores da Agência Nacional de Mineração (ANM) para viabilizar o esquema.

Empresário influente é foco da investigação

Kallas, hoje na Cedro Participações, tem negócios em portos e ferrovias e ligações com políticos influentes.

Nesse sentido, ele é próximo de nomes de peso na política. Foi elogiado por Lula, homenageado por Zema (Novo) e fez doações milionárias ao PSD, partido do ministro de Minas e Energia.

Porém, embora sua assessoria diga que ele nunca teve relação direta com a Empabra, os investigadores afirmam que a atuação dele coincidiu com o período das irregularidades no esquema.

Vale lembrar que, em 2008, ele já havia sido preso por envolvimento em desvios do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ainda responde por improbidade. Apesar disso, não há denúncia formal, mas ele segue sob investigação.

Diante desse cenário, com novos documentos apreendidos, a PF deve anunciar mais desdobramentos nas próximas semanas.

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Foto: Cedro Participações/divulgação