Papa Francisco deixa legado ambiental com encíclica Laudato Si

“A Laudato Si’ marcou a história da Igreja, mas, eu diria, marcou a história da humanidade”, diz dom Leonardo Steiner, nomeado arcebispo de Manaus pelo papa

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 22/04/2025 às 19:23 | Atualizado em: 22/04/2025 às 20:18

Entidades ambientais concordam com o Vaticano sobre a importância do papa Francisco para a área ambiental. O primeiro latino-americano no posto, que morreu aos 88 anos, foi responsável pela encíclica Laudato Si’, documento que marcou a história da igreja.

“Publicada em 2015, a encíclica foi a primeira sobre meio ambiente. O Vaticano destaca o papel relevante do documento nos processos que permitiram a criação do Acordo de Paris, assinado no fim daquele ano”, lembrou o Observatório do Clima nesta terça-feira (22).

O texto revelou o conceito de “ecologia integral” reconhecendo a noção de que a crise climática está intrinsecamente ligada aos problemas sociais, políticos e econômicos.

O OC destacou ainda a realização pelo papa, em 2019, do Sínodo da Amazônia, com bispos dos países que abrigam a floresta tropical.

Em 2022, diz a entidade, Francisco também nomeou o arcebispo de Manaus, dom Leonardo Steiner, como primeiro cardeal da Amazônia brasileira.

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Laudato Sí’

No contexto dos cinco anos da encíclica Laudato Si’, Steiner participou de um live resgatando os pontos mais importantes do documento.

“A Laudato Si’ marcou a história da Igreja, mas, eu diria, marcou a história da humanidade. [O texto] tem nos despertado para a grandeza e a importância da convivência humana na sua totalidade”, diz dom Leonardo.

De acordo com o arcebispo de Manaus, o documento chama atenção para a visão global de Francisco sobre as relações da vida no planeta, “onde tudo está interligado, todos os elementos e seres da natureza”.

“A Laudato Si’ convida a ter outra postura na convivência na nossa casa comum. O texto ainda exige futuro, exige de nós muita dedicação. Esse texto é o futuro da humanidade, porque o futuro da nossa casa comum”, diz.

“Os sonhos que o papa apresenta [na exortação apostólica Querida Amazônia] são quase que quatro dimensões da mesma realidade, de um mesmo mundo. Esses sonhos, o sonho social, o sonho cultural, o sonho ecológico e o sonho eclesial, abordam a totalidade. E a Laudato Si’ é o melhor exemplo de um documento que temos preocupado em mudar a concepção das relações com a totalidade”, disse o arcebispo na ocasião.

“Nós estamos destruindo esta biodiversidade. E quando o Papa aborda a questão dos quatro sonhos, ele está no fundo tentando concretizar a Laudato Si’, que aborda questões vitais, chega a falar da necessidade de uma conversão ecológica”, completou.

Foto: reprodução/vídeo