Cléia Alves leva ‘Dança Ancestrais’ ao barranco do quilombo de São Benedito

Espetáculo solo será apresentado dia 27/4, a partir das 10h.

Adrissia Pinheiro

Publicado em: 22/04/2025 às 16:13 | Atualizado em: 22/04/2025 às 16:13

Neste 27 de abril, a partir das 10h, tem estreia do projeto “Dança Ancestrais”, dirigido por Cléia Alves, no pagode do quilombo do barranco de São Benedito, juntamente com os festejos do santo, na Praça 14.

Os ingressos são gratuitos e após as apresentações terá uma roda de conversa com o público presente.

O projeto, idealizado pela professora, produtora cultural e multiartista Cléia Alves, foi contemplado no edital macro de chamamento público 2/2024, da Lei 14.399, vinculada à Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura. A iniciativa conta com o apoio da Fundação Nacional de Cultura, Manauscult, Concultura, Prefeitura de Manaus e Ministério da Cultura.

Cléia Alves assina a direção, concepção e será a intérprete do espetáculo solo. A mostra teve início em 2021 e participou neste mesmo ano no “Solo Amazônico Convida”, idealizado pela professora, produtora e bailarina Francis Baiardi, no Teatro da Instalação.

Criação da obra

Segundo a coreografa, a temática dessa pesquisa em dança se deu por perceber que acontece no Brasil uma propagação da cultura do ódio e um crescente número de atos de racismo, violência, retirada de direitos, discriminação e intolerância religiosa, principalmente com o povo negro e povos originários.

Com a força da capoeira, do samba, do maracatu e da dança dos orixás, além de seus textos e poesias, Cléia Alves conduz uma imersão sensível no legado do povo negro e dos povos originários. Em alguns momentos, sua voz e sua percussão ecoam pontos das religiões de matriz africana, intensificando reflexões e despertando inquietações e memórias.

Leia mais

Impressões e relatos

Cléia Alves explica que, neste espetáculo, aborda sua trajetória como artista e militante, atuando em diversas frentes culturais e sociais. Ela participa de grupos de maracatu, samba de roda e movimento Hip Hop, além de atuar em movimentos sociais de mulheres, como o Fórum Permanente de Mulheres de Manaus, o Fórum das Mulheres Afro-ameríndias e Caribenhas e o Mulheres em Conexão.

Também integra iniciativas ligadas à negritude, como a Frente Unida da Capoeira Tradicional do Amazonas, o Grupo Cultural Malungo Dudu e parcerias com a Associação das Crioulas do Quilombo do Barranco de São Benedito.

“Para mim falar sobre esses assuntos como identidades, ancestralidades, pertencimento, autoestima e afirmação étnica é um ato de resistência e existência, pois acredito que o meu corpo, a minha arte é um ato político no Amazonas”.

Sobre o espetáculo

O mestre de capoeira KK Bonates, que também é um colaborador artístico da obra, considera que o espetáculo Ancestrais é uma singela beleza artística da unimultiplicidade do ser humano.

Thyene Viana, responsável pela produção e assistência de coreografia, destaca seu compromisso em oferecer o melhor dentro desse universo da produção. Para ela, participar do espetáculo Ancestrais ao lado de uma artista com 40 anos de carreira, uma mulher afroameríndia que admira profundamente, é uma experiência magnífica.

“Como assistente de coreografia, estar ao lado de uma artista como Cléia Alves, com toda sua formação e trajetória, é um grande desafio. Sempre busco estar atenta aos seus objetivos, faço minhas anotações a partir do que assisto e do que ela deseja expressar. Depois, realizo minhas considerações e, juntas, buscamos um diálogo para aprimorar os ensaios a cada dia.”

Francis Baiardi, mediadora das rodas de conversa após as apresentações, considera Ancestrais um marco na trajetória da amiga e irmã Cléia Alves. Para ela, a obra atravessa memórias profundas, especialmente de mulheres que Cléia carrega consigo. Desde jovem, Francis percebeu essa conexão, lembrando-se do momento em que Cléia fundou o primeiro grupo de dança afro, Malungo Dudu, em 1993, do qual teve o privilégio de participar.

“Ancestrais é uma obra potente, repleta de pesquisa e consciência sobre memórias afetivas. Cléia apresenta essa verdade de forma emocionante, e isso me faz refletir sobre a importância de uma escuta sensível do planeta e dos nossos ancestrais.”

O espetáculo também conta o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Amazonas, da Associação de Crioulas do Quilombo do Barranco de São Benedito, da Comunidade Quilombola Sagrado Coração de Jesus Lago de Serpa, da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e da Escola Estadual Cacilda Braule Pinto.

Confira detalhes das próximas edições:

Temporada Espetáculo Ancestrais
Estreia: dia 27.04.25
Hora: 10:00 às 11:00
Local: Pagode do Quilombo do Barranco de São Benedito, Praça 14.

Comunidade Quilombola Sagrado Coração de Jesus Lago de Serpa
Ramal Osório da Fonseca 02KM
Itacoatiara-AM
Dia: 11.05.25
Hora: 09:00 às 10:00

Escola Cacilda Braule Pinto
Di:14.05.25
Hora: 14:00 às 15:00
Rua São Pedro, n.548
Bairro Coroado

Esat/UEA
Dia:20.05.25
Hora: 16:00 às 17:00
Rua Leonardo Malcher
Praça 14.

Teatro da Instalação
Dias: 29 e 30.05
Hora: 19:00
Centro

Fotos: divulgação