Como convivem diversas etnias no Parque das Tribos, bairro-aldeia de Manaus
Local abriga mais de 30 etnias indígenas que mantêm vivas suas tradições em meio à cidade, apesar dos desafios de infraestrutura.

Diamantino Junior
Publicado em: 21/04/2025 às 12:41 | Atualizado em: 21/04/2025 às 13:24
Criado em 2014, o Parque das Tribos, localizado na zona Oeste de Manaus, se consolidou como um território urbano de resistência indígena. A comunidade abriga cerca de 5 mil pessoas de 860 famílias pertencentes a aproximadamente 35 etnias, entre elas Munduruku, Sateré-Mawé, Tikuna, Tucano e Marubo. Mesmo diante dos desafios urbanos, os moradores mantêm vivas suas tradições, línguas, culinária e rituais.
Fundado por lideranças indígenas que decidiram ocupar uma área de 37 hectares, o Parque surgiu com o objetivo de construir raízes em um espaço que pudesse servir como referência para os povos originários na cidade. “Queríamos uma comunidade que se tornasse um bairro, com projetos e famílias fortalecidas”, afirmou o cacique Ismael Munduruku.
A transmissão das línguas nativas é uma das formas mais importantes de preservação cultural. Dentro das casas, pais e avós ensinam seus filhos a se comunicarem em seus idiomas de origem.
“Quando pedimos algo, falamos na nossa língua”, explicou Eliza Sateré, liderança da comunidade.
A culinária tradicional também marca presença no cotidiano.
Pratos como a quinhapira, servida com beiju e pimenta, são comuns nas refeições.
Há ainda iguarias como a tanajura (formiga saúva), rica em gordura natural, consumida com farinha.
Além da alimentação, a cultura é celebrada em eventos coletivos como a Dança dos Mascarados e festas religiosas.
A Maloca central do Parque funciona como local de encontros e rituais, sendo essencial para fortalecer os laços comunitários.
Apesar dos avanços, o Parque das Tribos enfrenta problemas estruturais.
A ausência de Ensino Médio, a precariedade no transporte público e a falta de saneamento básico ainda são desafios.
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“Queremos as mesmas oportunidades que qualquer cidadão brasileiro”, destacou Ismael Munduruku.
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Foto: neto-ramos-coaib