JK e Café Filho, presidentes veem petróleo jorrar em Nova Olinda do Norte
Nos anos 50, o município do Amazonas tornou-se um ponto focal para a exploração de petróleo no Brasil.

Adrissia Pinheiro, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 08/04/2025 às 11:26 | Atualizado em: 08/04/2025 às 11:46
Um perfil no Instagram, que assina profgilbertomestrinho, uma referência ao falecido ex-governador do Amazonas Gilberto Mestrinho, recorda neste dia 8 de abril um registro da história do primeiro poço de petróleo da Petrobrás descoberto no estado.
Foi em Nova Olinda do Norte, município do rio Madeira, nos anos 50.
O post diz:
“Dois presidentes da República no interior do Amazonas em cerca de dois anos!
Isso aconteceu nos anos 50, após a descoberta de petróleo em Nova Olinda do Norte, município a 236 quilômetros de Manaus pela via fluvial.
Café Filho foi eleito vice-presidente com Getúlio Vargas, mas já era o presidente de fato em 1955, quando visitou o local, sendo recebido pelo governador Plínio Coelho. Na época, Gilberto Mestrinho era assessor de Plínio e pode ser visto numa das fotos.
Pouco tempo depois, Juscelino Kubitscheck também foi ver de perto o chamado “ouro negro”, que era uma esperança de render dividendos para a região neste período pós ciclo da borracha e sem Zona Franca [de Manaus, criada em 1967].
Nos 60, porém, a Petrobrás fechou o campo de Nova Olinda do Norte. Segundo relatos da época, a exploração não era viável economicamente”.
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Registro histórico
Nos anos 50 do século passado, o município de Nova Olinda do Norte, no Amazonas, tornou-se um ponto focal para a exploração de petróleo no Brasil, atraindo a atenção de autoridades nacionais.
Em 28 de março de 1955, o presidente João Café Filho visitou a região, evidenciando a importância das atividades petrolíferas em desenvolvimento.
Dois anos depois, em 16 de março de 1957, foi a vez do presidente Juscelino Kubitschek conhecer o município, reforçando o interesse governamental na exploração de petróleo na Amazônia.


A descoberta de petróleo em Nova Olinda do Norte ocorreu em 13 de maio de 1955, quando o poço NO-3 da Petrobrás jorrou petróleo, gerando grande expectativa sobre o potencial econômico da região.
Essa descoberta foi considerada promissora e recebeu destaque nacional na imprensa, com o então governador do Amazonas, Plínio Ramos Coelho, aparecendo nas manchetes dos jornais com o terno manchado pelo petróleo recém-descoberto.
Apesar do entusiasmo inicial, as operações subsequentes não confirmaram a viabilidade comercial do petróleo na área.
Relatório do geólogo Walter Link, chefe de exploração da Petrobrás na época, por exemplo, apontou que os poços não eram economicamente viáveis, levando ao encerramento das atividades na região.
Hoje, as antigas instalações da Petrobrás em Nova Olinda do Norte, como a base dos trabalhadores, que deu origem à cidade, encontram-se em ruínas.
São agora testemunho do descaso da maioria dos prefeitos da história recente, que legaram o patrimônio de um período de grandes expectativas para a indústria petrolífera na Amazônia ao abandono.

Os prédios foram invadidos pela população e transformados em favela depois que um prefeito mesmo invadiu o espaço histórico para fazer sua casa, que destoa arquitetonicamente das ruínas da antiga base da Petrobrás.
Foto: ASD/acervo da fanpage Manaus Sorriso/reprodução