Trump escancara o pensamento de parte dos americanos com tarifas agressivas

Nova política do republicano impõe tarifas pesadas, isola os EUA e reflete a visão protecionista de parte da sociedade americana.

Adrissia Pinheiro

Publicado em: 03/04/2025 às 15:41 | Atualizado em: 03/04/2025 às 16:16

Donald Trump não apenas impôs tarifas agressivas sobre os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos (EUA), mas também expôs uma visão protecionista que ecoa entre parte da sociedade americana. Para ele, o país está sendo “saqueado” e “explorado” por outras nações, ignorando o fato de que a economia dos EUA continua sendo uma das mais prósperas do mundo.

Em um discurso inflamado nos jardins da Casa Branca, Trump anunciou novas tarifas que atingem China, Índia, Japão e União Europeia, com taxas que ultrapassam 30%, além do Brasil, que sofrerá com os 10%. A decisão representa a maior mudança na política comercial americana em mais de um século e pode ter consequências severas.

O impacto será sentido dentro e fora dos Estados Unidos. Os consumidores americanos pagarão mais caro por produtos importados, enquanto a indústria nacional, livre da concorrência externa, corre o risco de perder eficiência.

No mercado financeiro, os efeitos já são visíveis: ações de grandes empresas despencaram, e investidores temem uma recessão. Especialistas apontam que a medida não resolverá o déficit comercial americano, já que o problema central está na forma como os EUA investem e consomem, não nas tarifas.

O protecionismo

A obsessão de Trump por barreiras comerciais ignora lições da história. O presidente exalta a era protecionista do século XIX, mas esquece que economistas já demonstraram como tarifas altas prejudicaram a economia americana naquela época.

Além disso, sua interpretação sobre a crise de 1930 é distorcida: ele alega que o aumento das tarifas globais causou a Depressão, mas a realidade é que medidas protecionistas como a Tarifa Smoot-Hawley apenas agravaram a crise.

Com os Estados Unidos se isolando, o restante do mundo busca alternativas. União Europeia, Japão e membros do Acordo Transpacífico já estudam fortalecer o comércio entre si para reduzir a dependência americana.

A China, alvo principal da nova política tarifária, pode reagir impondo medidas que afetem empresas americanas.

Enquanto isso, Trump segue convencido de que está resgatando a grandeza americana, sem perceber que suas ações podem, na verdade, minar o papel dos EUA na economia global.

Leia na íntegra no Estadão.

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