Moraes faz voto-show para mostrar violência dos golpistas de Bolsonaro

Ministro fez apresentação inédita de imagens do 8 de Janeiro e comentou: “Não se vê aqui nem bíblia nem batom”.

Moraes faz voto-show para mostrar violência dos golpistas de Bolsonaro

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 26/03/2025 às 14:25 | Atualizado em: 26/03/2025 às 14:30

O ministro Alexandre de Moraes afirmou que há indícios “razoáveis” da atuação do ex-presidente como líder da organização criminosa que planejou os atos contra a democracia.

Dessa forma, Moraes do STF foi relator do inquérito que transformou em réus Jair Bolsonaro e sete aliados por tentativa de golpe de Estado,

Conforme reportagem do g1. Moraes dedicou uma longa parte de seu voto a descrever as condutas de Jair Bolsonaro, apontado pela PGR como líder da organização criminosa, no planejamento da tentativa de golpe de Estado.

Para o ministro A, há indícios “razoáveis” para aceitar transformar Bolsonaro em réu. “A denúncia ressalta que Jair Messias Bolsonaro tinha pleno conhecimento das ações da organização criminosa. Destaca que, mesmo após a derrota, as Forças Armadas emitissem nota técnica para manter fidelidade de apoiadores”, afirmou.

“Não houve um domingo no parque, não foi um passeio. Absolutamente ninguém lá estava passeando, porque tudo estava bloqueado e houve necessidade de romper as barreiras policiais”, disse Moraes.

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Sobre as condutas de Bolsonaro, Moraes disse que:

  • os indícios reunidos pela PGR apontam Bolsonaro como líder da organização criminosa e demonstram a participação do ex-presidente da República;
  • em 2021, Bolsonaro começou a organizar uma “estratégia para difundir notícias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro”, incluindo uma live naquele ano ao lado do então ministro Anderson Torres;
  • a partir da live, Bolsonaro se utilizou das “milícias digitais” e do “gabinete do ódio” para distribuir notícias falsas;

“E a partir disso, as urnas eletrônicas começaram a ser atacadas e, junto com elas, atacado o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal. Na própria live, o denunciado Jair Messias Bolsonaro incitou publicamente a intervenção das Forças Armadas. Depois de atacar as urnas eletrônicas, disse: ‘O Exército Verde Oliva é o Exército do Brasil.'”

  • ainda como presidente, Bolsonaro coordenou os integrantes do governo para atuarem “de modo ilícito” na construção de uma narrativa para atacar as instituições;
  • em discurso na Avenida Paulista, em São Paulo, em 2021, Bolsonaro disse que não cumpriria mais as decisões de Moraes;
  • o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontou desvio de finalidade na reunião de Bolsonaro com embaixadores e, por isso, o ex-presidente está inelegível;
  • no episódio do relatório das Forças Armadas contra as urnas eletrônicas, a conclusão do documento “foi feita de forma patética” ao dizer que “não há possibilidade de comprovar que não haverá nenhuma fraude”;
  • o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, recebeu uma “missão” de Bolsonaro de “comprovar que a eleição era fraudulenta”;
  • a denúncia da PGR “demonstrou o conhecimento de Bolsonaro sobre o plano criminoso Punhal Verde e Amarelo”;

“Não há mais nenhuma dúvida que o denunciado Jair Messias Bolsonaro conhecia, manuseava e discutiu sobre a minuta do golpe. As interpretações sobre o fato vão ocorrer durante a instrução processual”, seguiu Moraes.

  • a minuta do golpe deixa claro que houve discussões sobre uma ruptura democrática;
  • após a derrota nas urnas, Bolsonaro determinou que as Forças Armadas emitissem uma “nota técnica” para manter os apoiadores em frente aos quartéis.
  • disse que a materialidade dos crimes já foi reconhecida pelo STF em 474 denúncias ligadas aos atos golpistas de 8 de janeiro – com 251 condenações;
  • disse que as próprias defesas dos denunciados reconheceram a gravidade dos atos golpistas;

exibiu um vídeo que mostra a violência dos golpistas que invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, naquele dia;

“Existe na ciência o que se chama do viés de positividade. Até por uma autoproteção, nossos cérebros têm o viés de lembrar notícias boas e esquecer as notícias ruins. […] O dia 8 de janeiro de 2023 foi uma notícia péssima para a democracia, para as instituições, para todos os brasileiros e brasileiras.”

Além disso, disse que a organização criminosa planejava ameaçar, inclusive, a família de opositores políticos e militares contrários ao golpe – e que “até a máfia tem um código de conduta” que costuma poupar familiares, ao contrário dos denunciados.

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Foto: Antonio Augusto/STF