Vazantes de dois anos reduzem volume de água da Amazônia
Outro bioma fortemente atingido foi o Pantanal.

Bruna Lira, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 24/03/2025 às 14:56 | Atualizado em: 24/03/2025 às 14:56
As graves secas que atingiram a Amazônia há dois anos consecutivos reduziram significativamente o volume de água no bioma. De acordo com dados divulgados pelo MapBiomas, a região perdeu 3,6% de sua cobertura hídrica em 2024 , quando comparada à média histórica. A Amazônia, que concentra mais de 60% da água superficial do Brasil , sente os impactos diretos das mudanças no uso da terra, do desmatamento e dos eventos climáticos extremos provocados pelas mudanças climáticas.
Além disso, o levantamento mostra que o país como um todo perdeu água pelo segundo ano seguido . Em 2024, a superfície coberta por água foi de 17,9 milhões de hectares , uma queda de 2,2% em relação a 2023 . Desde 2022, o Brasil já perdeu mais de 900 mil hectares de áreas alagadas — uma extensão quase duas vezes maior que o Distrito Federal.
O Pantanal foi o bioma mais afetado. Em apenas um ano, ele perdeu 61% da sua superfície de água . Ó Pampa também registrescala menortambém registrou retração, mas em menor escala. Por outro lado, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica podemaumentou na presença de água em 2024. A Caatingadois hídricos, por exemplo, alcançou os maiores índices hídricos dos últimos dez anos.
Alerta
No entanto, os investigadores alertam para a gravidade da situação. O coordenador técnico do MapBiomas Água, Juliano Schirmbeck , explica que o país atravessa uma fase prolongada de deficiências. “Temos um histórico recente de muitos anos secos. A única exceção foi 2022, que ficou acima da média”, afirmou. “Nos últimos 25 anos, a superfície de água passou, na maior parte do tempo, abaixo da média histórica. Nunca mais voltamos aos níveis registrados entre 1989 e 1999, quando o país viveu sua maior abundância hídrica.”
O estudo também revelou mudanças na natureza da cobertura hídrica. No Cerrado , os corpos d’água artificiais , como represas e reservatórios, são provenientes de recursos naturais. Em 1985, 63% da superfície da água nenhum bioma era formado por rios, lagos e lagoas . Hoje, esse índice caiu para 40% .
Por fim, o MapBiomas atribuiu esse cenário à ocupação desordenada do solo, à expansão do agronegócio e ao desmatamento . Esses fatores, somados ao avanço das mudanças climáticas, comprometem o ciclo das águas e ameaçam a segurança hídrica do país. Diante disso, os pesquisadores reforçam a necessidade de políticas públicas de gestão da água e de estratégias de adaptação climática , especialmente em regiões mais vulneráveis.
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Foto: Chico Batata