PF acusa rede social X de facilitar financiamento a bolsonaristas
PF aponta que a rede social X ignorou bloqueios do STF e permitiu arrecadação de fundos por perfis suspensos.

Diamantino Junior
Publicado em: 20/03/2025 às 15:48 | Atualizado em: 20/03/2025 às 15:48
A Polícia Federal (PF) responsabilizou a rede social X, do bilionário Elon Musk, por falhas no bloqueio de perfis determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em um relatório enviado ao magistrado, a corporação apontou que, além de permitir transmissões ao vivo em perfis bloqueados, a plataforma facilitou o financiamento de comunicadores bolsonaristas, como Allan dos Santos, por meio da divulgação de links para doações.
O documento, assinado pelo delegado Fabio Shor, rebate os argumentos apresentados pela X em outra investigação encerrada em setembro de 2024.
Segundo a PF, a empresa mentiu ao alegar que as transmissões ao vivo em perfis bloqueados ocorriam em plataformas externas.
“Foi demonstrado que o aplicativo X para iOS apresentou falhas no bloqueio, fato confirmado pela própria empresa”, destaca o relatório enviado a Moraes no dia 11 de março.
A PF apresentou evidências de que Allan dos Santos realizou uma live pelo perfil Terça Livre no dia 8 de abril de 2024 diretamente na plataforma X.
“A imagem de perfil exibia uma borda vermelha com a frase ‘AO VIVO’, o que comprova que a transmissão ocorria dentro da plataforma”, aponta o documento.
A investigação também revelou que o vídeo segue acessível com o uso de VPN, evidenciando a fragilidade do bloqueio imposto pelo STF.
O mesmo método foi usado pelo jornalista Rodrigo Constantino, outro alvo de bloqueio, que conseguiu transmitir conteúdo ao vivo pelo X em 12 de abril de 2024.
“O acesso à referida live ficou disponível pelo aplicativo sem necessidade de VPN, e a plataforma ainda permitiu a divulgação de links para transmissões no YouTube”, detalha a PF.
Financiamento através de criptomoedas
A investigação também revelou que, mesmo em perfis bloqueados, a rede social X permitiu que usuários continuassem a arrecadar fundos.
Allan dos Santos, por exemplo, manteve um botão “Enviar Bonificação” que direcionava a doações em bitcoin. “Trata-se de um endereço público em uma carteira bitcoin, utilizado para receber valores anonimamente e dificultar o rastreamento”, descreve o relatório.
A PF identificou que, até a data do documento, Allan dos Santos havia recebido 0.00560102 BTC, o equivalente a aproximadamente US$ 488,13.
O valor foi repassado à exchange Kraken.com, onde os recursos podem ser convertidos e sacados.
O mesmo modelo de financiamento é utilizado por outros militantes de direita, incluindo Paulo Figueiredo e Rodrigo Constantino, por meio de assinaturas de R$ 25,90 na própria plataforma X.
Conclusões da PF
A PF concluiu que a rede social X não apenas desrespeitou ordens judiciais, mas também manteve mecanismos que permitiram a continuidade das atividades de perfis bloqueados.
“A empresa permitiu transmissões ao vivo, mesmo com bloqueio judicial, e manteve botões que possibilitaram o financiamento de comunicadores extremistas”, reforça o relatório.
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Com base nas novas diligências, a corporação aponta que a X “facilitou o descumprimento das decisões do STF ao manter informações acessíveis nos perfis bloqueados” e permitiu o financiamento desses comunicadores, mesmo diante de restrições impostas pela Justiça brasileira.
Agora, cabe ao ministro Alexandre de Moraes decidir sobre eventuais sanções contra a plataforma X e seus representantes no Brasil.
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Foto: rede Social Javier Milei via fotospúblicas