Deputados representam contra Plínio Valério no Conselho de Ética do Senado
Fala do senador amazonense contra Marina Silva foi considerada violência política de gênero.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 20/03/2025 às 13:13 | Atualizado em: 20/03/2025 às 13:30
Nove deputados federais representaram contra Plínio Valério (PSDB) no Conselho de Ética do Senado pela declaração do parlamentar de que era intolerável ouvir a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) “sem enforcá-la”.
A ministra Marina, que é deputada federal licenciada pela Rede de São Paulo, disse numa entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, da EBC, que “quem brinca com a vida dos outros ou faz ameaça aos outros de brincadeira e rindo, só os psicopatas são capazes de fazer isso”.
Numa reunião na Fecomércio-AM, o senador relatou que esteve com a ministra na CPI das ONGs, em 2023, por seis horas e dez minutos. “Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la”, disse na ocasião.
Na representação, os deputados dizem que o senador quebrou o decoro parlamentar e cometeu o crime de violência política de gênero.
Para que a prática seja considerada crime, a lei diz que não é preciso haver agressão física, isto é, atitudes nos campos psicológico e simbólico também são criminalizadas.
Os parlamentares também sustentam que a fala do senador “não apenas fere a dignidade da ministra Marina Silva, mas também desqualifica o debate político ao utilizar uma linguagem de incitação à violência”.
A deputada Bendita da Silva, que coordenadora da Secretaria da Mulher da Câmara, disse que a fala não apenas configura um “ataque à honra da ministra e um direito constitucional fundamental, mas um grave desserviço ao enfrentamento da violência política de gênero”.
“O senador, ao atacar verbalmente a ministra, agride todas as mulheres e desrespeita a luta histórica pela igualdade de direitos. Não podemos ignorar que, até outubro de 2024, foram registradas 1.128 mortes por feminicídio no Brasil, um dado alarmante que exige comprometimento e responsabilidade de todas as autoridades públicas”, diz Benedita.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que a bancada feminina não vai se calar diante de qualquer forma de violência contra a mulher.
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“Nossa solidariedade à ministra e já assinamos uma representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado. Juntas e juntos, lutaremos por um Brasil mais justo e igualitário, onde o respeito prevaleça e a violência de gênero seja apenas uma triste lembrança do passad”, defendeu.
Além de Bendita e Jandira, assinaram o documento: Túlio Gadêlha (Rede-PE), Duda Salabert (PDT-MG), Enfermeira Ana Paula (Podemos-CE), Gisela Simona (União Brasil-MT), Laura Carneiro (PSD-RJ), Maria Arraes (Solidariedade-PE), Tabata Amaral (PSB-SP) e Talíria Petroni (Psol-RJ).
Após denúncia apresentada ao Conselho de Ética do Senado, o senador poderá sofrer as medidas disciplinares previstas no Código de Ética, são elas:
a) advertência;
b) censura;
c) perda temporária do exercício do mandato;
d) perda do mandato.
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado