‘Fala de Plínio Valério contra Marina é crime’, diz ministra das Mulheres
Cida Gonçalves classifica fala de Plínio Valério contra Marina Silva como criminosa e defende punição.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 19/03/2025 às 20:34 | Atualizado em: 19/03/2025 às 20:35
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, classificou como criminosa a fala do senador Plínio Valério (PSDB) contra a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Em evento na Fecomércio, o parlamentar disse que era intolerável ouvir Marina “sem enforcá-la”.
“A Marina esteve na CPI das ONGs por seis horas e dez minutos. Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la”, disse o senador.
A ministra, por sua vez, respondeu que “quem brinca com a vida dos outros ou faz ameaça aos outros de brincadeira e rindo, só os psicopatas são capazes de fazer isso”.
Ao se referir ao caso, Cida Gonçalves lembrou que a fala do senador é criminosa. “Toda força a Marina, liderança internacional e referência no tema do meio ambiente. Violência política de gênero é crime”, lembrou.
Ele prestou solidariedade à ministra e disse que a colega de Esplanada foi alvo de “ataque sórdido do senador em pleno março, mês de luta das mulheres”.
“Como bem disse Marina em entrevista ao programa Bom Dia, Ministra nesta manhã, ele incitou a violência por discordar de alguém. Dificilmente teria proferido o ataque se fosse a um homem”, afirmou a ministra das Mulheres.
A Lei nº 14.192/2021, que alterou o Código Eleitoral e tornou crime a violência política de gênero, completou três anos no mês passado.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a legislação considera violência política de gênero toda ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir, obstaculizar ou restringir os direitos políticos da mulher, seja ela candidata ou política eleita.
Para que a prática seja considerada crime, não é preciso haver agressão física. Atitudes nos campos psicológico e simbólico também são criminalizadas.
A lei prevê pena de 1 a 4 anos de reclusão e multa, e, caso o crime seja praticado contra mulher com mais de 60 anos, gestante ou pessoa com deficiência, a pena pode chegar a 5 anos e 4 meses.
Conselho de Ética
Na Câmara, a deputada Erika Kokay (PT-DF) defendeu que o senador amazonense seja responsabilizado no Conselho de Ética.
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“Minha solidariedade à ministra Marina Silva, que foi alvo de uma fala absurda e violenta do senador Plínio Valério, que disse ser difícil tolerá-la ‘sem enforcá-la’. Isso é inaceitável! O Brasil tem uma Lei de Violência Política de Gênero, e os dados mostram que a violência contra mulheres na política segue alarmante. Plínio Valério deve responder na Comissão de Ética. Não vamos nos calar!”, defendeu a parlamentar.
Foto: Andressa Anholete/Agência Senado