Amazonas e Pará têm 56 líderes do tráfico escondidos em favelas do Rio

Ao todo, há 249 pedidos de captura de criminosos que fugiram de outros estados.

Adrissia Pinheiro

Publicado em: 17/03/2025 às 16:24 | Atualizado em: 17/03/2025 às 16:32

O Amazonas tem 21 foragidos, e o Pará, 35. Juntos, os estados somam 56 líderes do tráfico escondidos no Rio, segundo dados da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Ao todo, há 249 pedidos de captura de criminosos que fugiram de outros estados.

Além de Amazonas e Pará, os estados com mais pedidos são Goiás (53) e Bahia (33).

Entre os procurados, está Emílio Carlos Gongorra Castilho, o Cigarreira.

Ele é suspeito de ordenar o assassinato de um delator do PCC no aeroporto de Guarulhos. Investigadores apontam que fugiu para o Complexo da Penha.

Esse local é uma base do Comando Vermelho. Lá, Cigarreira teria sido visto em festas promovidas por traficantes da facção.

Segundo policiais, foragidos encontram favelas com infraestrutura luxuosa. Muitas oferecem piscina, sauna e academia, atraindo criminosos para a cidade.

O governador Cláudio Castro afirmou que tem levado propostas sobre segurança a Brasília. Ele defende penas mais duras e maior autonomia para os estados.

Uma das apostas do governo do Rio é a suspensão da ADPF 635, que limita operações policiais em comunidades. O STF retomará o julgamento no dia 26.

Para a polícia, a expansão das facções criminosas aumentou desde 2020, quando o STF restringiu operações. Isso fortaleceu o tráfico e facilitou a migração de criminosos.

Leia mais

Amazônia: facções escravizam até menores para garimpo no rio Madeira

O delegado Carlos Oliveira explica que a rivalidade entre PCC e Comando Vermelho motivou essa migração. Desde 2016, os grupos disputam territórios e rotas de drogas.

No entanto, um relatório do Ministério da Justiça sugere um pacto de não agressão entre as facções. A fuga de Cigarreira teria ocorrido nesse contexto.

Além do apoio de facções, a geografia do Rio favorece os foragidos. O relevo montanhoso dificulta operações e permite a resistência armada contra a polícia.

O tráfico também ostenta luxo para influenciar moradores. Criminosos constroem áreas de lazer sofisticadas e promovem festas para atrair apoio da comunidade.

A Polícia Civil coordenou recentemente a demolição de um “resort do tráfico”. O espaço tinha lago artificial, pedalinhos, academia e até campo de futebol.

Especialistas apontam que essa ostentação serve para reafirmar poder. Para muitos criminosos, exibir riqueza é uma forma de buscar respeito e status.

Para conter a corrupção, o governo oferece serviços voluntários que pagam até R$ 1.200 por plantão. Mesmo assim, denúncias contra policiais ainda são frequentes.

Promotores destacam que investigações como as operações Calabar e Purificação revelaram esquemas de corrupção policial ligados ao tráfico de drogas.

Leia na íntegra na Folha.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil