Tarcísio de Freitas se destaca em ato esvaziado de Bolsonaro

Governador de São Paulo se projeta nacionalmente em ato de Bolsonaro, evitando ataques diretos ao STF e mirando as eleições de 2026.

Diamantino Junior

Publicado em: 16/03/2025 às 16:52 | Atualizado em: 16/03/2025 às 16:52

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi um dos principais destaques do ato convocado por Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (16/3) em Copacabana, Rio de Janeiro. Apesar da baixa adesão popular, o evento serviu como palco para Tarcísio consolidar sua imagem nacional, equilibrando-se entre o bolsonarismo e um discurso moderado.

Tarcísio subiu ao trio elétrico vestindo uma camisa azul da seleção brasileira, diferenciando-se simbolicamente dos aliados mais radicalizados.

Seu discurso teve tom presidencial, atacando o governo Lula (PT) e citando temas como a inflação e o alto preço dos alimentos. “Ninguém aguenta mais a inflação”, disse, ressaltando o impacto do custo do ovo, um dos vilões do momento.

Embora todos os outros oradores tenham atacado o Supremo Tribunal Federal (STF), Tarcísio evitou confrontos diretos.

O senador Flávio Bolsonaro (PL) acusou o ministro Alexandre de Moraes de ser responsável pela morte de um detento do 8 de Janeiro, enquanto o pastor Silas Malafaia, organizador do evento, manteve sua retórica contra o Judiciário.

O governador paulista, por sua vez, limitou-se a falar genericamente sobre liberdade e a necessidade de “libertar o Brasil da esquerda”.

Tarcísio também não escondeu sua lealdade ao ex-presidente. “Querem afastar Jair Messias Bolsonaro das urnas. Eles têm medo de perder”, disse, deixando no ar quem seriam os “eles” no discurso bolsonarista.

Sua estratégia é clara: apresentar-se como herdeiro natural do bolsonarismo, sem afastar o eleitorado que rejeita extremos.

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Bolsonaro, por sua vez, manteve o tom de vítima, demonstrando sua preocupação com a prisão iminente. “Se algo na covardia acontecer comigo, continuem lutando”, afirmou.

Ele reiterou que, preso ou morto, continuará sendo um “problema” para o STF.

Nos bastidores, acredita-se que o ex-presidente deposita esperanças na anistia para os condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro, mas o obstáculo do Judiciário ainda se impõe.

Enquanto Bolsonaro foca na própria liberdade, Tarcísio trabalha para o seu futuro político.

Em um ato que deveria servir de pressão contra o STF, ele aproveitou o palco para reforçar sua posição como potencial candidato em 2026, consolidando-se como um nome viável da direita para desafiar o PT nas próximas eleições.

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Foto: fotospúblicas