Suspensão de voos da Voepass atinge três rotas no Amazonas
Os voos suspensos pela Anac atingiram Manaus, Carauari e Urucu, em Coari

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 11/03/2025 às 19:36 | Atualizado em: 11/03/2025 às 22:09
A suspensão dos voos da companhia aérea Voepass a 16 destinos, em todo o país, atingiu três rotas no estado do Amazonas: Manaus, Carauari e a base de petróleo e gás de Urucu, em Coari.
Por falta de segurança nas aeronaves, as operações da empresa foram suspensas nesta terça-feira (11), por determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo (Sindipetro), que reúne o Amazonas, Pará, Amapá e Maranhão, a medida da Anac atinge diretamente 1.100 trabalhadores que atuam na província de Urucu e são transportados, diariamente, de Manaus e Carauari até a base petrolífera, e de retorno nessas rotas.
“Os prejuízos e transtornos são incalculáveis, pois, quem está saindo do turno de trabalho, iniciando a folga, já tem passagens marcadas para voltar para suas casas, seus estados. E com essa suspensão toda a programação desses servidores ficam prejudicadas”, disse Bruno Terribas, diretor do Sindipetro Amazônia e da Federação Nacional dos Petroloeiros (FNP).
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Contrato com a Azul
Por conta da suspensão, Terribas disse ter informação que a Petrobrás implementou, nesta terça-feira, uma estrutura organizacional de resposta, espécie de gabinete de crise para contornar a situação dos voos dos trabalhadores de Urucu.
Dessa forma, voos emergenciais da companhia aérea Azul foram contratados imediatamente para assumir as operações entre Manaus,
Carauari e Urucu.
Pelo fato de a aeronave modelo ATR-72, da Azul, não se adequar aos padrões do aeroporto de Carauari, a Petrobrás providenciou helicópteros para fazer o transporte emergencial dos trabalhadores do município até Urucu.
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Rotas suspensas
Além das três rotas no Amazonas, foram suspensos os voos:
• Recife e Fernando de Noronha, em Pernambuco,
• Florianópolis e Joinville em Santa Catarina,
• Ipatinga e Juiz de Fora, em Minas Gerais,
• Pelotas e Santa Maria, no Rio Grande do Sul,
• Guarulhos, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e Congonhas, em São Paulo,
• Galeão (aeroporto), no Rio de Janeiro.
De acordo com a Anac, a suspensão dos voos será mantida até que a empresa comprove a correção de “não conformidades relacionadas aos sistemas de gestão previstos em regulamentos”.
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Alertas e acidente
Segundo o diretor da FNP e do Sindipetro Amazônia, Bruno Terribas, não é de hoje que as entidades vêm alertando para a falta de segurança das aeronaves da Voepass.
O avião da companhia aérea, responsável pelos voos para a província petrolífera de Urucu, no interior do Amazonas, voltou a apresentar falhas técnicas em 17 de agosto de 2024, gerando preocupações quanto à segurança dos trabalhadores.
Oito dias antes, em 9 de agosto, um avião da empresa caiu com 62 pessoas a bordo em Vinhedo (SP). A aeronave transportava 58 passageiros e quatro tripulantes.
O avião, modelo ATR-72, tinha decolado de Cascavel, no Paraná, às 11h46, com destino ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Após a tragédia em São Paulo, o Sindipetro Amazônia se reuniu com representantes da Petrobrás e da Voepass nos dias 12 e 13 de agosto para discutir a segurança das operações na província de Urucu.
Durante o encontro, a Voepass assegurou que a aeronave em questão havia passado por uma rigorosa inspeção e estava apta a retomar os voos em 13 de agosto.
No entanto, apenas quatro dias depois, a aeronave apresentou problemas no sistema hidráulico, levando à necessidade de manutenção.
“Assim, a Federação Nacional dos Petroleiros e o Sindipetro Amazônia querem mais segurança nas aeronaves e melhores condições de transporte dos trabalhadores da província de Urucu. Isso para que não ocorram mais tragédias como a de Vinhedo em São Paulo já que as entidades vêm alertando, antecipando há algum tempo toda essa situação”, disse Terribas.
Decisão acertada
Em nota, o Ministério dos Portos e Aeroportos disse que a decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de suspender as operações da Voepass foi acertada.
Da mesma forma, o ministério afirma que já vinha acompanhando este processo há alguns meses e a medida cautelar visa, de forma temporária, solicitar que a empresa aérea melhore sua governança e fortaleça ainda mais a segurança dos voos no país.
O que diz a Voepass
Questionada sobre a decisão da Anac, a companhia aérea Voepass emitiu a seguinte nota oficial:
“A Voepass Linhas Aéreas informa que recebeu a notificação da Anac de suspensão de sua operação e iniciou as tratativas internas para demonstrar, conforme solicitado, sua capacidade de garantir os níveis de segurança exigidos pela agência reguladora.
A companhia reitera que sua frota em operação é aeronavegável e apta a realizar voos seguindo as rigorosas exigências de padrões de segurança.
Essa decisão tem um impacto imensurável para milhares de brasileiros que utilizam a aviação regional todos os dias e contam com seu serviço, por isso, colocará todos seus esforços para retomar a operação o mais breve possível.
Todos os passageiros que forem impactados neste momento serão atendidos nos termos do previsto pela Anac, na Resolução 400 – que dispõe sobre as Condições Gerais de Transporte aplicáveis aos atrasos e cancelamentos de voos”.
Foto: divulgação/FNP/Sindipetro