Bolsonaro e Nikolas tentam colar no frei das multidões nas madrugadas
Frei Gilson é sacerdote, cantor e influenciador digital, conhecido por suas transmissões de oração.

Adrissia Pinheiro, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 11/03/2025 às 14:07 | Atualizado em: 11/03/2025 às 14:42
Nesta segunda-feira (10), frei Gilson, o sacerdote que atrai milhões de fiéis em suas transmissões ao vivo nas madrugadas, recebeu apoio público do ex-presidente Jair Bolsonaro e do deputado federal Nikolas Ferreira.
Bolsonaro elogiou o frei como um “fenômeno em oração”, destacando seu “poder de reunir milhões pela palavra do criador”.
A postura de apoio, no entanto, levanta discussões sobre o uso político da popularidade do frei, que se tornou um ícone digital com uma audiência cada vez maior.
O religioso é alinhado com as ideias de Bolsonaro. Por exemplo, em 2021, Gilson disse em rede social que era preciso combater o comunismo.
Desde a última Quaresma, ele se destacou por liderar a oração do rosário às 4h da madrugada, reunindo milhares de “religiosos virtuais” antes do amanhecer.
Sacerdote, cantor e influenciador digital, frei Gilson faz parte da Ordem Carmelita Mensageiras do Espírito Santo, em Nova Almeida (ES).
Atualmente, sua rotina de pregações atrai milhões de seguidores, mas também gera controvérsias.
Na madrugada mais recente, por exemplo, quase 1,3 milhão de pessoas acompanharam sua live, mas algumas declarações do religioso vêm provocando críticas nas redes sociais.
Polêmica
No Dia Internacional da Mulher (8), um trecho de um sermão do frei viralizou. Na pregação, ele afirmou que a “fraqueza feminina” estaria em desejar sempre mais.
“Essa é a fraqueza da mulher. Ela sempre querer mais. ‘Eu não me contento só em ter as qualidades de uma mulher. Eu quero mais’. E isso é a ideologia dos mundos atuais. Vou até usar a palavra que vocês já escutaram muito: empoderamento. ‘Eu quero mais’. É claro ver que Deus deu ao homem a liderança”.
A declaração gerou reações intensas. Para alguns, trata-se de um discurso machista e ultrapassado. Outros veem a fala como parte da doutrina cristã tradicional.
O debate político
O crescimento de sua influência também tem gerado disputas ideológicas e ondas de aproveitamento.
Críticos à esquerda o acusam de alinhamento com o bolsonarismo e até o relacionam a investigações sobre tentativa de golpe de Estado.
Além disso, frases como “o homem é o chefe da casa, e a mulher nasceu para auxiliá-lo” têm sido amplamente criticadas.
Algumas falas mais antigas também voltaram a circular, como um alerta sobre o “perigo do comunismo” em 2021.

Por outro lado, figuras da direita, como Nikolas Ferreira, Tarcísio de Freitas e Bolsonaro, saíram em sua defesa.
Para eles, Gilson está sendo atacado por mobilizar cristãos e pregar valores conservadores.
O deputado Nikolas Ferreira, por exemplo, declarou que as críticas ao religioso são motivadas pelo que chamou de “ódio a Cristo”.
O Brasil e a religiosidade
O país tem a maior porcentagem de habitantes que acreditam em Deus no mundo (89%).
Além disso, quase um terço dos brasileiros mudou de crença ao longo da vida.
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Foto: divulgação