Quaest faz seletiva de estados para levantar aprovação do governo

Estados escolhidos por empresa do mercado financeiro são usados como opinião de todo o país.

COP-30: pressão de Lula por licença na foz do Amazonas ameaça liderança do Brasil

Bruna Lira, da Redação do BNC Amazonas 

Publicado em: 26/02/2025 às 10:41 | Atualizado em: 26/02/2025 às 10:44

Enquanto o Partido dos Trabalhadores (PT) registra um crescimento inédito no interior do Amazonas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta uma desaprovação superior à aprovação em oito estados, segundo levantamento da Quaest divulgado recentemente.

A pesquisa aponta que a popularidade do presidente está em queda em estados como São Paulo (53% de desaprovação contra 44% de aprovação), Paraná (60% x 37%) e Santa Catarina (65% x 33%). No Amazonas, porém, o partido avança nos municípios do interior, superando pela primeira vez a capital em número de filiados.

Atualmente, o PT tem 50.512 filiados no Amazonas, sendo 28,9 mil nos 61 municípios do interior e 21.560 em Manaus. Tradicionalmente, a capital mantinha um equilíbrio ou maior número de filiados em relação às cidades do interior, o que torna essa mudança um fato inédito na trajetória da legenda no estado.

Cenário contraditório

O crescimento do PT no interior ocorre num momento de desafios para o governo federal. A pesquisa Quaest revela que, além de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, Lula também tem desaprovação maior do que a aprovação em estados como Mato Grosso do Sul (56% x 41%), Goiás (56% x 42%), Distrito Federal (55% x 43%), Mato Grosso (58% x 39%) e Rio de Janeiro (50% x 48%).

Apesar desse cenário de desgaste, no Amazonas, a esquerda tem mostrado força fora da capital. Esse fenômeno foi evidenciado na eleição presidencial de 2022, quando Lula venceu no interior do estado, mas perdeu para Bolsonaro em Manaus. Agora, o crescimento do PT nos municípios interioranos pode indicar um novo arranjo político para os próximos pleitos.

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Disputa interna

A ascensão do PT no interior ocorre às vésperas das eleições internas do partido, marcadas para 6 de julho. Com a importância do voto individual nesse pleito, grupos internos estão incentivando novas filiações.

Essa estratégia pode estar impactando a configuração estadual do partido, que tradicionalmente tinha um equilíbrio maior entre capital e interior.

Além disso, a expansão da legenda no interior pode estar associada a uma tentativa de fortalecimento de candidaturas municipais para as eleições de 2024. No entanto, a estagnação no número de filiados em Manaus levanta questionamentos sobre o futuro do partido na capital, onde a direita tem ganhado força nos últimos anos.

Se por um lado Lula enfrenta um aumento na desaprovação em parte do país, o PT parece encontrar um caminho de crescimento no interior do Amazonas, mostrando que a dinâmica política regional nem sempre acompanha a tendência nacional.

O desafio do partido será consolidar essa base emergente sem perder espaço na capital.

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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil